25 de agosto de 2010

I'm a Little Bit Country


Ola pessoal!

Em minha primeira postagem, tomo a liberdade de fazer uma sugestão nada convencional, mas que, creio eu, pode ser muito produtiva. Venho aqui sugerir que todos assistam o episódio "I'm a Little bit Country" do South Park. A princípio pode parecer algo apenas comprometido com a descontração, mas garanto que todos conseguirão fazer ótimos paralelos com nossas aulas. Enfim, deixo um breve resumo sobre o episódio e, logo abaixo, o endereço virtual do mesmo.

South Park – I’m a Little Bit Country

Em meio a Guerra do Iraque a opinião pública se dividirá entre os favoráveis e os não-favoráveis às ações militares norte-americanas no país. Logicamente, o South Park segue a linha do politicamente incorreto e cria um estereótipo de perfis dessa mesma opinião pública, que então será polarizada entre os progressistas e os conservadores.

A partir das discussões entre esses dois veremos um festival de frames e, mais do que isso, o tanto que a racionalidade vira um mero coadjuvante nos embates públicos. Os frames serão repetidos de maneira aleatória e acabarão servindo muito mais para identificar os grupos do que para fins de argumentação.

É curioso notar que, mesmo a trilha sonora do episódio também remeterá aos nossos frames (os criadores do South Park são formados em música e esse é um recurso constante nos episódios da série. Às vezes a música serve para reforçar o cinismo e os estereótipos, bem como para nos induzir a tirar conclusões precipitadas).

Envolvidos no meio de toda a discussão, os protagonistas do South Park (Stan, Kyle, Kenny e Cartman) são interrogados por um repórter sobre sua posição e sobre o que eles achavam que os Founding Fathers pensavam da guerra. Mostrando desconhecer os Founding Fathers, eles são ridicularizados pelo seu professor, que passa a exigir deles um enorme trabalho sobre estes mitos da democracia americana.

Tendo em vista que os garotos possuem no máximo 9 anos, a atividade escolar torna-se improdutiva e entediante. Seus esforços para explicarem o que são os Founding Fathers e o que eles pensam da guerra são frustrados. Até que Cartman tem uma idéia “genial”: cria um método para voltar ao passado e vivenciar toda a história que deveria contar em seu trabalho.

Paralelamente a isso, os pais dos alunos tomam seus partidos nas discussões sobre a Guerra do Iraque. O final do episódio é impagável. Vale a pena assistir pois há uma conclusão surpreendente sobre o papel da guerra na concepção da democracia americana. O discurso dos Founding Fathers é uma sacada excepcional.

Para assisti-lo: http://www.southparkstudios.com/ (logo abaixo há todas as temporadas. Cliquem na de número 7. Será o primeiro de todos).

Espero que gostem!

17 de agosto de 2010

Ground Zero Mosque

A construção da (possível) mesquita perto do Ground Zero em Nova York tem ocupado a mídia americana. É interessante ver como estão sendo construídos os frames deste tema por meio de escolhas específicas de vocabulário. Por exemplo, a expressão 'ground zero mosque' é o termo usado no discurso conservador para se referir a essa construção e tem sido repetido pelos que defendem a construção.

Como diz George Lakoff e como temos visto no curso, a reutilização dessa expressão reforça o frame. 'Ground Zero' é o centro do local onde havia o World Trade Center, destruído nos ataques de 11 de setembro. O frame dessa expressão é patriótico, nacionalista, anti-terrorista, anti-muçulmano, de revolta, etc.

Quando você junta a palavra 'mosque', cria-se automaticamente uma contradição, pois mesquita evoca o frame da religião muçulmana, que está ligada na rede de associação conceitual (aula de ontem!) da sociedade norte-americana atual com o terrorismo. Ou seja, são dois frames conflitantes que estão convivendo na mesma expressão, no mesmo conceito.

Automaticamente, portanto, a reação é negativa: ninguém (americano), in their right mind, pode ser a favor de um ground zero mosque. Brilhante! Aplausos a Dr. Frank Luntz e Cia! Tudo bem até que saibamos que a mesquita não é necessariamente uma mesquita (pode ser um centro cultural) e que não vai ficar no ground zero (on ground zero) mas perto do ground zero (near ground zero).

Então, it is not (necessarily) a mosque and it is not on ground zero. Mas como já vimos no curso, não adianta negar o frame colocando um não na frente dele... Ou, como disse Ceci Connoly no Fox News Sunday desta semana, se você tiver de explicar alguma coisa, já perdeu...