31 de outubro de 2010

Quadro político de forças nas eleições legislativas de 2 de novembro e os latinos: Nevada, um resumo nacional

No post anterior procurei analisar o peso do movimento cada vez mais presente e influente do Tea Party Movement nas eleições legislativas de novembro. Agora, a vésperas destas, proponho um pequeno estudo sobre outra importante parte da sociedade norte-americana neste processo: os latinos. Mas desta vez, entretanto, me focarei sobre um Estado específico, o de Nevada (oeste do país).

O motivo desta escolha é que em Nevada encontramos uma disputa que simboliza aquilo que ocorre em todo o país: democratas enfrentando o perigo crescente de perderem seus postos para outras forças não tradicionais em áreas nas quais eles sempre foram predominantes.
No caso de Nevada temos o senador Harry Heid, líder democrata no senado e a mais de 16 anos no poder, tentando seu quinto mandato consecutivo, contra a nova força política e extremista representada pela candidata republicana, provinda do Tea Party Movement, Sharron Angle.

eafirmando o que foi dito, o professor Eric Herzik, professor da Universidade de Nevada afirmou que ‘ a eleição aqui no Estado [de Nevada] diz respeito á disputa nacional ’, fazendo referencia a dificuldade de obter votos por parte dos democratas em seus redutos tradicionais frente novas forças na política norte-americana.


Voltando ao caso dos latinos, ainda que não seja um fenômeno tão atual como o Tea Party Movement, existe um consenso de que a parcela dos latinos dentro dos Estados Unidos representa cada vez mais um eleitorado considerável no país e por isso deve ser incluída como parte da estratégia do jogo político de ambos os partidos nas eleições.

Juntos eles representam algo em torno de 12 milhões de votos no país. No estado de Nevada eles são 14% do eleitorado total. “Nevada é o Estado em que os eleitores latinos têm a maior chance de influenciar o resultado”, disse à BBC Brasil o cientista político Matt Barreto, professor da Universidade de Washington especializado em voto latino. Segundo ele nos últimos 8 anos o número de latinos chegou a dobrar em Nevada.

No estado isso já foi percebido tanto pelo partido democrata, que sabe que depende mais do que nunca dos votos provindo dos latinos, já que grande parte de seu eleitorado não latino – não satisfeito com a situação econômica do país – pode votar em candidatos republicanos como punição a seus antigos políticos democratas;

Mas também pelos republicanos, que ainda que não lancem campanhas ou mensagens que sinalizem uma vontade de incluir essa parcela da população em seu governo, são acusados de divulgarem um vídeo no qual se pede que os latinos não votem como protesto e revolta as promessas, segundo eles não cumpridas, pelo presidente Obama em sua campanha presidencial de 2008.


Do lado dos democratas um levantamento da National Association of Latino Elected and Appointed Officials indica que 65% dos hispânicos registrados para votar apoiam candidatos democratas ao Congresso. Entretanto existe o medo de que os latinos não saiam de suas casas para votar no próximo dia 2 ou ainda vote em um candidato republicano. A falta de reforma para imigrantes desestimula o voto de hispânicos em ambos os partidos, mas essa perda pode ser mais sentida pelos democratas.

Por isso mesmo o presidente Barack Obama vem pedindo aos eleitores latinos que compareçam às urnas no dia 2 de novembro para seguir lutando pela reforma migratória no país e combater o "não se pode" dos republicanos. Na última terça feira o presidente afirmou que "em 2008, nos propusemos a missão de mudar o rumo deste país. A

 comunidade latina nos ajudou a realizar essa grande mudança", ao reconhecer que alguns assuntos ainda estão pendentes. Em seguida continuou afirmando que "sabemos que muitos estão frustrados por estar no final da fila", mas "ainda há muito trabalho a fazer, em matéria de trabalho e imigração, pequenos negócios que temos de terminar".

Já os republicanos não apelam aos latinos, mesmo porque não é de seu interesse incluir essa parcela da população em seu plano de governo, muito pelo contrário. O centro da campanha da candidata Sharron Angle em Nevada consiste em denunciar a má situação econômica do Estado.

Com sua economia baseada no turismo e na construção civil, dois setores fortemente atingidos pela crise econômica, a cidade de Reno é um retrato do que ocorre em Nevada, Estado com alguns dos piores indicadores econômicos do país. Entre as principais propostas da candidata estão á redução da interferência do Estado, de gastos públicos e de impostos, e a oposição a quase todas as medidas do governo Obama, desde a reforma do sistema de saúde até os pacotes de resgate aos bancos.

Mas se engana quem pensa que ela não está preocupada com o eleitorado latino na região. Um vídeo publicado por um grupo chamado Latinos for Reform, diz que o presidente Barack Obama e os políticos democratas prometeram uma ampla reforma da imigração, mas não levaram a promessa adiante em dois anos de governo. O senador Harry Heid, em um de seus comícios pelo Estado afirmou que o vídeo é um dos anúncios políticos de sua opositora, que nega o fato.

Nele não se vê o nome da candidata ou de seu partido, mas sim uma narrativa crítica ao partido democrata por não ter realizado suas promessas para com a parcela latina no país. Caso confirmado a ligação do vídeo a Sharron Angle, se trataria de uma estratégia política de tentar utilizar o fraco desempenho do presidente Obama, pelo menos naquilo que concerne a sua promessas para com os latinos, contra os democratas, anulando essa potencial massa de votos democratas em um momento no qual eles precisam desses votos.

Seja como for a questão dos latinos é importante não só em Nevada mas em todo o país, já que abrange diversos campos: o político, o social, a economia e até a estratégia de política eleitoral a ser utilizada.


28 de outubro de 2010

Como os desenhos explicam a América

Vamos hoje falar de um assunto que nos agrada desde que éramos meras crianças e nem pensávamos em estar um dia fazendo um texto sobre desenhos para a nossa faculdade. Na verdade, até poderíamos sonhar em um dia estudar em um lugar que nossos trabalhos acadêmicos fosse ver desenhos e falar sobre eles. Confesso que pelo menos eu, já senti isso.

Parece ser um assunto que pode ser muito bem levado na brincadeira, porém, a relação que os desenhos dos EUA têm com a definição de questões e opiniões sociais do país é muito grande e histórica. Em meu post, mostrarei alguns momentos no qual o recurso "desenho animado" foi utilizado para conquistar seguidores de um ideal tipicamente norte-americano.

Vamos direto aos tópicos:

1. O New Deal: Quem tem medo da depressão agora?


Em uma das obras primas de Walt Disney que fez a infância de todos nós, vemos a velha história dos Três Porquinhos. Ameaçados pelo temido Lobo Mau, os três irmãos constroem casas finalizando proteção contra o predador. Conhecemos muito bem esse conto: A primeira casa, de palha, é construída e destruída. A segunda, de madeira, sofre do mesmo destino. Já a terceira, feita de tijolos e com mais tempo e dedicação para a construção, aguenta o tranco do poderoso sopro do Lobo.


O que pode ser novo para nós e a assimilação que esta historinha infantil tem com o período do New Deal pós o Grande Crash de 1929. "Os novos rumos", política elaborada pelo presidente FDR tinham como objetivo, reerguer a América. Mesmo que fossem necessários empregos 'inúteis" como construções feitas para serem destruídas ( como as casas de palha e madeira), a geração de trabalho, geraria renda.


A última casa, de tijolos, é a mais simbólica. Demorou mais tempo para ficar pronta, precisou de mais dedicação e mais trabalho. Foi mais custosa. Não foi simples, foi complexa. Um processo "democrata" (do partido democrata). Porém, ao final, é esta casa que barra de vez o Lobo Mau. Seria então, a empreitada mais demorada e trabalhada que barra de vez a depressão. Ao final, com o Lobo derrotado e os outros porquinhos salvos, os três cantam "Quem tem medo do Lobo Mau?" e para o povo americano a mensagem seria "Quem tem medo da depressão?"

2. II Guerra Mundial: A importância de pagar impostos.

Neste vídeo, The Spirit of 43, observamos o diálogo entre nosso querido e famoso Pato Donald com duas "personalidades" suas que entram em conflito. Donald acaba de receber o seu tão suado salário e quer aproveitar! Surge assim, uma de suas "personalidades", o Gastão. Um cara malandrão que incentiva Donald a gastar toda sua grana que literalmente está queimando no bolso. Donald, claro fica muito tentado. Porém, é aí que aparece outra "personalidade", o Tio Patinhas, mostrando que em breve, será o dia em que todos devem pagar seus impostos.


A importância do pagamento é justificada para o bem da nação e enquanto isso a queima do dinheiro é justificada pela liberdade do indivíduo de fazer o que quer. Logo, temos dois frames em conflito. Mas, após uma disputa por Donald, as duas faces do pato acabam mostrando aos espectadores um conflito maior ainda.


Em 1943, estávamos em plena guerra na Europa. Os EUA estavam já na luta e precisavam do pagamento de impostos para financiar a gigantesca indústria. Assim, Gastão (que aparece com um bigodinho extramente conhecido) que cai em um saloon com a porta que forma a suástica (símbolo nazista) e Tio Patinhas que é lançado na parede que quebra formando um desenho parecido coma bandeira dos EUA travam uma verdadeira batalha pelo dinheiro, ou melhor, pelo pensamento de Donald.


Os frames então passam a ser: apoio ao inimigo X apoio à nação. Donald finge que irá se inclinar aos interesses de Gastão, mas dá um soco no malandro, que cai no mesmo salooon (e a porta, desta vez transforma-se em um V, de vitória). E assim, o pato mais famoso do mundo vai pagar seus impostos para que a América não sofra revezes na guerra. A partir daí, começa uma explicação bem explícita sobre os benefícios do pagamento dos impostos para a vitória aliada sobre o Eixo. Esse é com certeza o filme em desenho com mais frames ativados e mensagens políticas do mundo. Sem exageros.

3. II Guerra Mundial: A luta.

Neste episódio do marinheiro mais famoso do mundo, vemos uma mensagem bem clara: Um recado para os inimigos da América na II Guerra, os japoneses. Não há muito o que se descobrir, basta ver o episódio para observar a importância de que uma mensagem como essa fosse divulgada a todos, principalmente às crianças. Assim, as mesmas saberiam o quão perigoso eram os japoneses e o que eles poderiam aos americanos. Logo, o patriotismo era despertado. Além disso todos os estereótipos dos japoneses são mostrados: traiçoeiros e suicidas. Algo prejudicial pois formou também em uma geração da sociedade americana, o preconceito contra asiáticos em geral.

4. Pós 11/9: O medo de muçulmanos.


Chegando aos temas atuais. Vemos que tudo agora é feito com mais cuidado. As mensagens claras não existem mais e os desenhos que tratam de assuntos sérios são voltados para os adultos e não mais para as crianças. South Park é um desenho adulto. Tem temáticas adultas e, preferencialmente, não é para ser visto para crianças. Logo, as mensagens e frames devem ser absorvidos por adultos. O que, perigosamente, não acontece.


Neste trecho de um capítulo, vemos uma discussão que gira em torno da figura mais sagrada do Islã (o "novo inimigo da América). Maomé, que não deve jamais ter sua imagem divulgada, aparece no capítulo disfarçado de urso e se fala alguma coisa audível, esta é censurada. Todo e qualquer programa que faça alusão ao profeta muçulmano é passível de represálias fortes de países árabes. Este não foi um caso isolado. Acusado de causar discriminação aos valores islâmicos e incitação do terror. O episódio, após passar, foi banido. O que virou um prato cheio à ala conservadora americana, que quer inserir em todos os cidadãos o frame de que os seguidores de Maomé são inimigos.

5. Eleições de 2008: A vitória de Obama.
Para finalizar, temos o mais recente grande momento da política norte-americana. A eleição de Obama. Como as mensagens agora são mais voltadas aos desenhos adultos. Temos para tal fato, Os Simpsons. Neste trecho do capítulo, vemos que Homer foi votar. Por incrível que pareça, esta é a informação. Homer foi ao local de votação e ainda votou em Barack Obama, dizendo que queria mudança.


Apesar do problema que o mesmo enfrenta com a máquina, vemos aqui uma poderosa mensagem: A da importância de votar. Homer, o homem mais despreocupado dos Estados Unidos votou. Se ele votou, então é praticamente obrigatório que qualquer pessoa vote. Homer votando em Obama ainda tornou o fato ainda mais forte. Assim, o frame de mudança foi inserido em milhões de americanos, que acabaram por eleger Obama (não pelo desenho, mas com uma grande ajuda do mesmo).

Desenhos e TV continuam sendo o carro chefe da comunicação em massa nos EUA. Uma idéia colocada nestes meios, será de rápida assimilação e o frame embutido nela, será absorvido rapidamente.

Os EUA sabem usar isso, tanto para definir inimigos, como para defender posições.

26 de outubro de 2010

Semana acadêmica - grupo 4: Comunicação em massa nos EUA

GRUPO



Semana acadêmica - grupo 2: O despertar da nova mulher conservadora

GRUPO


Na abordagem sobre o "despertar" da mulher conservadora, nossa apresentação lançou mão de alguns vídeos.
1) Mamma Grizzly/ Sara Palin

2) Trailer "Fire from the heart land"



Vou me focar nesse vídeo.

O trailer mostra muito bem qual é a nova orientação dessas mulheres conservadoras. Quase todas reivindicam uma pureza vinda da "Heartland", a qual remonta a imagem dos peregrinos norte americanos que vinham do "infecto" continente europeu para o "puro" novo mundo.

A oposição entre "puro" e "infecto" (ou viciado) é bem posta aqui na dicotomia Heartland x Nova York (est- west coast em geral). A esse respeito, o professor fez um comentário bem interessante sobre a corrupção que consome as beiradas do país x a posição imaculada do meio oeste. No que se refere as mulheres, é marcante no vídeo que as mulheres nova iorquinas (representadas por Lady Gaga e Sex and the city) são o alvo dessas conservadoras, exatamente por que se distanciam da família nuclear, dos valores cristãos (quando, como é o caso de Lady Gaga, se unem a causa gay) e até mesmo da maternidade. Afinal, "motherhood is a political act (period!)".

Outro ponto marcante, relaciona-se ao fato de que, a despeito da visão de que as mulheres conservadoras são essencialmente Wasps, neste caso fica claro que o movimento é mais multiétnico do que se imaginava.

3) Ann Coulter
4) Sonnie Jackson
5) Chritine O' Donnell

25 de outubro de 2010

Semana acadêmica - grupo 3: Eua e o terrorismo

1)Reforço de tropas no Afeganistão

a)discurso de Obama



Metáforas:


2)Resolução 248

Elaborada em 03/2010 por Dennis Kucinich (democrata, representante de Ohio no congresso)  com o apoio de 16 parlamentares (dentre os quais, somente um republicano). Impunha um deadline (12/2010)  para retirar as tropas do Afeganistão.

a)Democratas a favor da retirada de tropas- Dennis Kucinich (Ohio)


Metáforas:

- democracia é pureza, deve ser protegida de contaminações
- é também missão, destino manifesto - obrigação de defender o país
- democracia = obrigação
- soldados são vítimas - morrendo por metais preciosos
- guerra defensiva é justa
- Afeganistão - não é defesa. não é guerra, é erro. Logo, é irracional
- Política externa como caminho - destino
- Afeganistão e Iraque = desvio do caminho
- Afeganistão atrasado, medieval
- propósito maior para a nação =  coletivo sobre o individual
- governo do povo = nação como família
- propósitos são perenes
- impérios são efêmeros
- interesses econômicos são desvirtuosos


b)Republicanos a favor da retirada de tropas- Ron Paul (conservador, representante do Texas)




Metáforas:


c)Republicanos a favor da permanência de tropas - Ileana Ros-Lehtinen (conservadora, representante da Flórida)





Metáforas:

GRUPO

Fernando, Aline, Diego e Victor.

24 de outubro de 2010

OBAMA: It Gets Better?

Bullying é um problema sério e, infelizmente, bastante comum aqui e em todo mundo. Nos Estados Unidos não é diferente, mas arriscaria dizer que esta questão é ainda mais forte por lá. 

Recentemente, sete jovens americanos cometeram suicídio após serem alvos constantes de situações humilhantes e até de agressão por serem gays.

Dan Savage é o nome do fundador do Projeto It Gets Better. Através de uma compilação periódica e voluntária de vídeos na internet que encorajam jovens gays que encontram-se nesta situação, o fundador explica que o objetivo da campanha é  fazer com que esses jovens não se sintam tão sozinhos e que possam acreditar que é possível ter uma vida adulta normal e feliz no futuro.

Pois é, ninguém menos do que o próprio Presidente dos Estados Unidos acaba de publicar o seu depoimento em favor da causa. Achei muito bacana, principalmente para aquele jovem americano que sofre horrores na escola simplesmente por ser diferente de um determinado padrão racial ou comportamental.

Bom, como veremos, o cara sabe falar e fala com personalidade. Inclusive, dá um toque sutil e muito pessoal  à mensagem ao dizer que “...but I do know what is like to grow up feeling sometimes you don’t belong. It’s tuff”. Ok, Mr. President, não deve ter sido fácil, mas tenho certeza que você não teve uma infância à La “Everybody Hates Chris”’.  Mas a mensagem é realmente de encorajamento, apoio, respeito às diferenças, a Liberdade. Fala tão bem que quase nem dá pra perceber que...ele está lendo a mensagem. Então me ajudem depois com os liberal frames. Aí vai:


Dá pra imaginar um conservador fazendo isto? No way.

Pelo menos ele conseguiu pronunciar a palavra gay sem ficar vermelho ou com aquele nó na garganta. E por falar em garganta, o jantar dos conservadores deve ter descido meio atravessado nesta noite. 


Enquanto a comunidade gay norte-americana critica o governo pelo DADT e cobra que as palavras do presidente se traduzam em ações políticas reais, vamos esperar a avalanche de comentários polêmicos que estão por vir.

Abraços a todos, 

19 de outubro de 2010

Semana acadêmica: vamos divulgar?


Oi, pessoal!

O professor Tony enviou este cartaz para que nós possamos coolaborar com a divulgação de nossa apresentação na semana acadêmica (25/10). Vamos ajudar? Imprimi algumas cópias, e aproveitei prá divulgar, de quebra, o nosso blog nos cartazes. Afinal, o negócio é a propaganda da alma! Ooops, rsrsrs!

Clique na imagem para ampliá-la, ok?

Abração, e até nossa aula!


18 de outubro de 2010

I really love my hair

Hoje vamos falar de cabelo. Sim, cabelo.E você, amigo XY que pensou “putz, que assunto feminino chato” por favor não vá embora. Cabelo é uma coisa que afeta a vida das pessoas de maneiras que nem sempre são óbvias.
Quando comecei a fazer a pesquisa para esse post, uma das expressões que mais vi era que o cabelo é a honra e a glória de qualquer mulher (os gringos dizem que é o ‘crowning glory’). E me coloquei a pensar de onde que essa expressão poderia ter saído. Não foi muito surpreendente descobrir que essa história toda de honra e glória veio do nosso grande bestseller, a Bíblia. Em Coríntios 11:15, temos “Mas ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu.” (na King James: “But if a woman have long hair, it is a glory to her: for [her] hair is given her for a covering.”)

Uma das jovens entrevistadas por Chris Rock diz que não contrataria uma colega que usa o cabelo afro para trabalhar em seu escritório, já que ter um afro e vestir um terno é, para ela, uma contradição. Analisando a fala da jovem, podemos perceber que, para ela, terno = sucesso, cabelo afro = fracasso. O cabelo não-alisado não faz parte do frame de sucesso e profissionalismo normalmente associado com o mundo corporativo. Não encontrei um vídeo dessa parte do filme, mas essa passagem é citada nessa reportagem da NPR.
Nesse vídeo abaixo, pule direto para os 4 minutos para ver a opinião de uma escritora convidada do programa da Tyra Banks sobre a origem da expressão ‘good hair’.

De acordo com ela, a origem da expressão pode ser encontrada na época da escravidão, quando escravos que tinham ‘good hair’ tinham melhores chances de sobrevivência e trabalho: o cabelo podia representar que talvez fossem filhos do senhor, proporcionando oportunidade de trabalhar dentro de casa onde teriam acesso à educação.

O cabelo afro é fonte de tanta discussão nos EUA que até o Sesame Street, programa para crianças produzido pela PBS, abordou o tema recentemente:


Mas o que isso tudo tem a ver com os US of A, você me pergunta. Veja o seguinte vídeo:


O trailer acima é de Good Hair, documentário lançado em 2009, no qual Chris Rock procura as raízes da obsessão norte-americana (especialmente das mulheres negras) pelos alisamentos e extensões para cabelo. Rock, instigado por uma pergunta de suas filhas ("Why don't we have good hair?") investiga o que, exatamente, é esse 'good hair' de que falam e as conseqüências que os tratamentos capilares trazem. Essas conseqüências são constatadas não só nos EUA, mas também na Índia, de onde provém grande parte do cabelo utilizado para fazer extensões.
Tyra Banks explica o conceito de ‘good hair’ em um episódio de seu talk show dedicado especialmente ao tópico:


Banks levanta algumas estatísticas: apesar das mulheres negras representarem somente 6% da população total dos EUA, elas representam 80% do consumo total de produtos de cabelo. Algumas mulheres entrevistadas dizem que o cabelo alisado parece ser mais profissional. Kelley oferece oposição: defende que as mulheres negras precisam aprender a cuidar do seu cabelo em sua forma natural ao invés de procurar maneiras não naturais de transformá-lo. Kelley também diz que o alisamento representa conformação à uma norma.

11 de outubro de 2010

Don't ask... Don't tell

Olá pessoal,

Aqui estou para mais um post.

Como disse no outro post, viria novamente com a temática gay. Considero que a homossexualidade dentro das engrenagens de poder na sociedade norte -americana é algo muito interessante. Como Roy Cohn, protagonista do meu outro post, quantos outros homens e mulheres não tem que levar uma vida dupla para escapar do frame "homosexual" ou numa terminologia mais recente : "gay".


Para começar, o que é a lei don't ask don't tell? Essa lei tem algo como 17 anos de vida e, segundo ela, militares gays estão proibidos de se manifestar em relação a sua sexualidade e os heteros de perguntar a respeito.

Atualmente, nos EUA existe um movimento para que essa lei caia. E olha só quem está liderando:


Sim! Lady Gaga! A voz de uma geração. Neste vídeo, diferente de suas outras aparições públicas, Lady Gaga aparece num look mais sóbrio. E logo atrás dela a bandeira do EUA. Apesar disso, usando o nosso vocabulário, ela não deixa de ser um "container for ideas". Quem olha para ela, esteja do jeito que estiver, sabe bem para o que está olhando.

Nesse vídeo, Gaga fala repetidamente na necessidade de "proteger a Constituição". Quando contando alguns "causos" envolvendo soldados gays, a pop star fala em "proteger America". No final: "Thank you, god bless" (!) . Ela também sabe operar com frames.

Em outro discurso:


Aí, mais um festival. "Core american values", " I thought our Constitution was ultimate", " I thought equality was non- negotiable". Mais apelos a Constituição. Sendo Gaga a figura pouco usual que é, para se enderessar a toda a nação é necessário usar frames facilmente acessado por todos.

Mudando um pouquinho de canal...


Nossos amigos aí, não parecem ser contrários ao fim da lei. Mas... querem saber : não está meio tarde para isso? Bom, Lady Gaga diria, não se você serve no exército agora. Bom, a lei na verdade para a Fox é a coadjuvante, o mais importante é... falar mal de Obama.

Mudando de canal mais uma vez e espectro político:


Nesse vídeo, infinitamente mais engraçado do que o outro, Bill Maher diz o porquê de revogar a lei. Primeiro, dar a Rush Limbaugh e outros Tea Baggers algo para expressar sua "Anger" inerente. E também, porque é mais simples de entender o que significa "gay" do que "health care".

Bem "common sense": simples e fácil de usar! Um frame ótimo para causar uma explosão política.

Bom, that's about it!

Hasta!

Isadora.




10 de outubro de 2010

Importante: nossa apresentação da semana acadêmica

Olá, pessoal!

Seguem a abaixo as orientações do professor Tony a respeito de nossa apresentação na semana acadêmica. Escolham um tema e, por gentileza, faça um comentário no post informando seu nome, e-mail e grupo escolhido.
Simposio 21

Tony Berber Sardinha
Título: Como Pensam Os Estados Unidos
Local: Nossa sala de aula
Horário: 20:00

Procedimentos:

0-O PRAZO PARA INSCRIÇÃO É ATÉ DIA 18 DE OUTUBRO, ou seja, o dia da nossa próxima aula, portanto é importante que todos façam a inscrição ANTES de nossa próxima aula.

1-Escolher um dos temas abaixo.

2-Montar, por email, um grupo para apresentar o mesmo tema.


4-Preencher a ficha com os dados pessoais e completar com os dados

relativos ao tema que cada um escolheu. Como não são pesquisas individuais, mais de uma pessoa se inscreverá com o mesmo resumo e título.

5-Clicar Enviar!

6-Vir para a aula dia 18 e dizer para o Tony quem vai apresentar qual tema e o que será apresentado.

7-Vir dia 25 para o simpósio para fazer a apresentação!

Apresentações:

Código do simpósio: 21
Título da pesquisa: O liberal norte-americano (grupo 1)

Resumo da pesquisa:
Nesta apresentação serão enfocadas questões relativas ao liberalismo norte-americano. Serão apresentados vídeos e filmes que trazem representações do liberal norte-americano e intepretados os frames e metáforas que os constituem. A problemática da dificuldade de os liberaiscomunicarem suas ideias eficientemente na arena pública será enfocada. Tal dificuldade já foi notada tanto por estudiosos da área, como George Lakoff, quanto por comentaristas políticos em geral. Essa dificuldade ainda tem sido culpada pelo fracasso nas urnas durante os anos Bush, além de já ser apontada como uma das causas da iminente derrota democrata nos 'mid-term' elections que se aproximam e que podem impor ao governo Obama
uma guinada na sua orientação assumida até agora.

Participantes:


Código do simpósio: 21
Título da pesquisa: A mulher conservadora norte-americana (grupo 2)
Resumo da pesquisa:
Nesta apresentação serão enfocadas questões relacionadas a um novo personagem que desponta no cenário norte-americano, qual seja, a mulher conservadora. Essa 'nova' mulher desafia conceitos chave da sociedade como 'feminismo', 'fragilidade' e 'família', combinando frames e metáforas específicas de cada um desses campos para criar uma nova identidade e, como tal, se impõe como um novo ideal de feminilidade/feminismo. Esse novo ideal, personificado em mulheres como Sarah Palin, pode inspirar e fomentar o discurso conservador norte-americano de maneiras até então desconhecidas. Nesse simpósio, serão apresentados vídeos e filmes que ilustram essa questão e intepretados os frames e metáforas que a
constitui.
Participantes:
Isadora Calil - isadoracer@gmail.com
Thilá Nascimento - thila_nascimento@yahoo.com.br

Código do simpósio: 21
Título da pesquisa: O terrorismo e os EUA (grupo 3)


Resumo da pesquisa:
Nesta apresentação serão enfocadas questões relacionadas a como os EUA encaram a questão do terrorismo. Desde os ataques a posições americanas no exterior no governo Clinton e principalmente desde a destruição das Torres Gêmeas de Nova York em 11 de setembro de 2001, o terrorismo passou a povoar o pensamento dos norte-americanos. Neste simpósio será visto como o terrorismo se apresenta no cotidiano dos EUA por meio de frames e metáforas, na fala de personalidades públicas norte-americanas. Serão apresentados vídeos e filmes que ilustram essa questão e intepretados os frames e metáforas que a constitui.

Participantes:
Aline Camargo - ririsca@hotmail.com
Diego Paim - diegospaim@gmail.com


Código do simpósio: 21
Título da pesquisa: Comunicação em massa nos EUA (grupo 4)



Resumo da pesquisa:
Nesta apresentação serão enfocadas questões relacionadas a como acontece a comunicação em massa nos EUA. Como se sabe, as mídias tradicionais norte-americanas estão se transformando em grandes corporações, que abarcam muitos negócios diferentes. Com isso, o jornalismo perde sua independência e passa a ser guiado por interesses comerciais. Um caso muito claro é o canal Fox News que é ligado ao grande grupo News Corporation de Rupert Murdoch. Serão apresentados vídeos e filmes que ilustram essa questão e intepretados os frames e metáforas que a constitui.

Participantes:
Júlia Vergueiro - julia.vergueiro@gmail.com

João Sugahara - defrentecomjoao@hotmail.com
Carolina Nascimento - carol_en2@yahoo.com.br
Luís H. Deutsch - lhdeutsch@yahoo.com.br

6 de outubro de 2010

Liberais ou conservadores: quem é mais inteligente?


Satoshi Kanazawa, psicólogo e pesquisador da London School of Economics and Political Science. publicou na revista científica Social Psychology Quarterly da American Sociologial Association, em março deste ano, um artigo através do qual ele defende a hipótese de que os liberais são mais inteligentes do que os republicanos. Melhor dizendo, que as pessoas de QI mais alto são mais propensas a se autoproclamarem liberais, ou democratas.

A hipótese de Kanazawa sugere que pessoas mais inteligentes são mais inclinadas a adotar o que ele chama de "prefências e valores evolucionários". São valores e preferências os quais os seres humanos não teriam uma tendência natural a adotar, eles teriam sido adquiridos ao longo da evolução humana, durante milhões de anos, e portanto não eram detidos por nossos ancestrais.

Os valores e preferências detidos por nossos ancestrais seriam, por sua vez, os de cunho "familiar", ligados a um certo instinto de preservação. Por esta razão, o ser humano seria naturalmente conservador, assim como seus ancestrais. E à medida que "evolui", caminha para uma tendência mais liberal, propensa a abrir seu "leque familiar" a pessoas estranhas, assumindo causas mais "cosmopolitas".

Este argumento baseia-se na ideia de que a habilidade do raciocínio foi se desenvolvendo em nossos ancestrais à medida que lhes apareciam situações inesperadas, às quais não haviam soluções inatas.

Os liberais se acham mais inteligentes...
Um estudo mais antigo de Kanazawa revelou que indivíduos mais inteligentes têm hábitos noturnos, se levantam mais tarde e ficam acordados até mais tarde do que pessoas menos inteligentes.

Segundo o pesquisador, isto se dá porque nossos ancestrais, por não possuírem luz artificial, tendiam a se levantar pouco antes do amanhecer e se deitarem pouco antes do pôr-do-sol. Portanto, hábitos noturnos foram sendo adquiridos conforme a evolução humana.

Em sua pesquisa atual, o autor baseia-se em dados da National Longitudinal Study of Adolescent Health (Add Health) para sustentar sua hipótese. Segundo tais dados, jovens que identificam-se como "liberais radicais" possuem um QI com média 106 durante a adolescência, enquanto os que se dizem "conservadores radicais" possuem QI na média de 95.

... e os republicanos também!
De maneira similar, a religião seria um subproduto da tendência humana de buscar causalidades por detrás de fenômenos naturais. Esta seria um tendência "paranóica", segundo o pesquisador, de todo ser humano, uma tendência inata também ligada ao instinto de preservação e proteção.

Tal institnto seria responsável pela manutenção da espécie, posto que os clãs de nossos ancestrais demandavam uma vigilância extrema contra ameaças potenciais. Por esta razão, crianças mais inteligentes seriam mais propensas a crescerem se posicionando contra esta tendência natural em acreditar em Deus, tornando-se atéias.

Para tal afirmação, Kanazawa utiliza o dado de  que os jovens que não se consideram nada religiosos possuem um QI de média 103, enquanto os que se consideram muito religiosos ficam na média de 97.

A pesquisa de Kanazawa é certamente deveras polêmica. Primeiramente porque sabe-se que qualquer neutralidade científica é discutível em qualquer área do conhecimento. Já vimos em nosso curso que 99% de nossos pensamentos não são racionais. Nosso cérebro está impregnado de metáforas, as quais invocam frames diversos.

A pergunta que me veio em mente quando  li tal pesquisa foi a seguinte: este estudo não revela um posicionamento político? É difícil acreditar que que o autor seria republicano, obviamente... Até que ponto esta pesquisa é racional, imune de metáforas construídas bilogicamente no cérebro do autor ao longo de sua própria vida?

Para além de um estudo cientificamente neutro, a pesquisa suscita uma sensação de "já vi este filme", quando pensamos no Darwinismo social. Afinal, dá a entender que os liberais estão à frente na escala evolutiva humana - não seria uma pretensão muito grande? Enfim, fica a reflexão para um possível debate, mesmo que limitado no âmbito deste blog.

E para terminar com um pouco de humor (assim como fechamos nossa última aula de política interna norte-americana), segue uma charge bastante interessante sobre as diferenças entre republicanos e democratas:





Fontes: