28 de setembro de 2010

A metáfora do "clout"

Olá pessoal,

Venho para o meu primeiro post com um vídeo tirado da série "Angels in America". Esta série da HBO é para mim um retrato interessante da sociedade norte-america, mais especificamente da sua intelligentsia, de meados dos anos 80.

Antes de qualquer comentário, vamos assistir esta parte:



A fala de Roy Cohn é organizada em forma de "labels" e norteada pela metáfora do "clout".

"Clout" pode ser entendido de duas formas (ambas marcadas no dicionário como informais):
1- A heavy blow with the hand or a hard object
2- influence or power, esp. in politics or business

O sentido segundo foi o que Roy quis dar, mas é interessante perceber que o primeiro significado tem algo agressivo implícito. Algo bem masculino, que parece imperar sobre toda e qualquer orientação sexual.

A partir da metáfora do "clout", Cohn explica ao Dr. Henry o que são na verdade os homossexuais (que parecem compor um frame nesta passagem). Segundo ele: "Homosexuals are men who know nobody, and who nobody knows. Who have zero clout".

O clout aparece para organizar o que é Roy Cohn, "A heterosexual man who fucks around with guys" e também aquilo que ele não tem - AIDS. Esta é a doença dos "homossexuais", não de Roy Cohn, um homem com clout.

O que eu pretendo com esta análise é apenas compartilhar algo que é interessante. Este diálogo está repleto de metáforas e frames. Talvez eu precise de um dia para destrichá-lo apropriadamente.

No meu próximo post, continuarei com a temática gay. E pretendo fazer um paraelo entre a fala de Cohn e a lei "Don't ask, Don't tell", a qual proibe homossexuais de se mostrarem como tais nas forças armadas norte- americanas.

Isadora.

2 comentários:

  1. OI, Isa!

    Adicionei o vídeo no seu próprio post, ok? Daí por isso excluí a segunda postagem, tudo bem?

    Se precisar de algo, tô às ordens!

    Abraço, e gostei muito do texto!

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  2. Obrigado pelo post, muito interessante. Que maravilha é ver o Al Pacino, ator extraordinário. Realmente, tem muita coisa nesse trecho para a gente entender. Uma leitura da fala de Cohn é que ele tenta metaforizar o sentido de homossexual, ao contrário do médico, que tenta literalizá-lo. Para o médico, o sentido do termo é físico, carnal, explicado pela prática sexual. Para Cohn, o sentido é metafórico, algo como FRACO É HOMOSSEXUAL, ou IMPOTENTE É HOMOSSEXUAL, ao passo que FORTE É HETEROSSEXUAL ou INFLUENTE É HETEROSSEXUAL (a noção de força é evocada pelo 'clout'). Sendo assim, dado que ele é influente, não pode ser, por força da lógica (metafórica!), homossexual. Como se vê, a metáfora pode guiar nossos pensamentos, ações e mesmo as identidades! Seria legal ver se/até que ponto isso mudou desde então até os dias de hoje!

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