7 de dezembro de 2010

Terrorista da Informação

Que a divulgação de informações e documentos sigilosos dos EUA feitos pelo Wikileaks nos últimos dias tem deixado a diplomacia norte-americana na defensiva não parece ser novidade para ninguém. Porém, a reação da ala conservadora em relação aos recentes acontecimentos é curiosa em pelo menos dois fatores; o primeiro remete a figura do fundador do website e a tentativa de vincular sua imagem a um hacker criminoso que deveria ser processado e preso, além do fato de ainda responder por um crime sexual; o segundo é o profundo ódio por Assange (fundador do Wikileaks) gerado pelos conservadores chegando ao ponto de desejarem sua morte ou algo similar. A ironia é que Assange é australiano e quase nada pode ser feito contra ele pelo governo dos EUA.
O vídeo abaixo é uma compilação de declarações sobre Assange feitas por O´Reilly e outros (o vídeo foi editado toscamente mas dá para se ter uma idéia).


Outro ponto relevante é a tentativa de rotular Assange como um terrorista da informação que passa dados sigilosos para o conhecimento público. Ora, se passar informações desconhecidas para o público é um ato terrorista, a grande parte dos jornalistas deveria ser mandada para Guantánamo, na visão dos conservadores. Para estes, a liberdade da informação parece não existir quando o assunto é segurança nacional e terrorismo, e qualquer ação deve ser tomada para evitar alimentar os terroristas com informações classificadas, vide o ato patriota no governo Bush.
Segue o video do “Young Turks” onde a liberdade nos EUA é confrontada com os recentes vazamentos.

Conservadores X Soccer

Neste ano, a Copa do Mundo de futebol realizada na África do Sul despertou na ala conservadora norte-america um sentimento profundo de desprezo ao esporte e o “soccer fever” vivido naquele período. Glenn Beck, famoso comentarista da Fox News chegou ao ponto de comparar o futebol com as políticas reformistas de Obama.Veja vídeo abaixo.

“O mundo gosta das políticas de Barack Obama e o mundo gosta da Copa do Mundo, mas nós não”. É com esse pensamento direto ao ponto que os conservadores frisam uma barreira, um “frame” que polariza a verdadeira cultura americana, principalmente no âmbito esportivo com a cultura vivida pelo restante da população mundial. Deste jeito, Beck faz um contra ponto entre os tradicionais esportes norte-americanos como o baseball e o futebol americano, praticados há décadas pela grande maioria da população, e o “soccer”, praticado em sua grande maioria pelas mulheres, crianças e filhos de imigrantes. O debate foi tão levado para o âmbito político no momento que o analista conservador Dan Gainor, afirmou que a esquerda estava obrigando as escolas a darem aulas de “soccer” pois a America está de “amarronzando”.

Abaixo segue o vídeo “Top Ten” do programa de David Letterman dizendo os motivos porque os norte-americanos não gostam de futebol. É uma crítica bem humorada em cima dos tradicionais esportes norte-americanos e à visão de que o futebol é um esporte de estrangeiros.

6 de dezembro de 2010

Noam Chomsky: rational = boring

Pesquisando um pouco sobre Noam Chomsky, cheguei até este site, onde encontrei diversos quadrinhos satirizando a figura de Chomsky. Veja uma amostra (clique nas imagens para ampliar):



Borat - they dind´t get the joke

Vejam a notícia que o site da BBC Brasil veiculou há poucos dias:


Cineasta cazaque dirige sequência de Borat



Borat - o filme original conta a história de um suposto repórter do país
Um diretor de cinema do Cazaquistão filmou a continuação da famosa comédia e pseudodocumentário Borat, do britânico Sacha Baron Cohen.

A proposta do novo filme é ser uma comédia de humor negro que melhore a imagem do país, ridicularizado no filme original.

Quando foi lançado, em 2006, o filme de Cohen - que conta a história de um jornalista grosseirão que viaja do país aos Estados Unidos e sai em busca da atriz Pamela Anderson - causou ultraje no Cazaquistão e acabou sendo proibido em solo cazaque. O governo do país, inclusive, ameaçou processar Cohen por causa do filme.

O diretor do novo filme, Erkin Rakishev, diz não ter visto o lado engraçado da produção original e alegou que decidiu filmar uma continuação para corrigir a imagem do país criada pelo personagem de Cohen.

"Todo cazaque que vai ao Ocidente sente desconforto ao dizer de onde vem porque os ocidentais associam o país ao filme Borat ", disse Rakishev à BBC.


Cidade Moderna

Rakishev não viu graça no filme original
A sequência do original, Borat, My Brother (ainda sem título em português), conta a história de um jornalista americano chamado John que, após assistir ao primeiro filme Borat, decide visitar o Cazaquistão.

Ele sai à procura do vilarejo fictício de Kusek, onde o personagem Borat teria nascido, mas encontra uma cidade moderna e desenvolvida.

"No filme, John se lembra de que Borat havia mencionado seu irmão Bilo, que tem um problema mental. Ele encontra Bilo em um hospital psiquiátrico ao lado de Osama Bin Laden e George Bush, e é assim que o filme começa", disse o diretor. Bilo leva John em uma viagem por seu país para mostrar a ele o verdadeiro Cazaquistão.

Para o diretor, Borat realmente ofendeu sua nação. "Acho que (o filme) passou do limite. Talvez eles só quisessem fazer uma piada, mas nos diminuíram, nos insultaram, nos misturaram com sujeira, nos compararam a animais, nos representaram como um povo bárbaro e selvagem."

"Você diz que todos entendem que foi uma piada, mas não concordo, porque a maioria das pessoas acredita no que vê e ouve", alegou o diretor.

Polêmicas

 
Mas o filme de Rakishev também inclui algumas cenas polêmicas. Em uma delas, Bilo é estuprado por um jumento e, em outra, uma mulher idosa é vista batendo nos dois personagens principais com uma vareta. Rakishev nega que essas cenas possam ofender algumas pessoas, afirmando que "se o irmão de Borat tivesse estuprado o jumento, talvez isso pudesse ser considerado ultrajante, mas é o oposto".
O diretor diz que as piadas do filme podem ser pesadas, mas não ofensivas, e que leva em conta as opiniões do público ocidental. "Queremos que o público ocidental assista (ao filme) e tenha uma melhor compreensão de como é o Cazaquistão na realidade", disse ele.
Após o sucesso do primeiro Borat, que arrecadou quase US$ 240 milhões em bilheterias, Rakishev acredita que sua sequência também vai ser um grande sucesso quando for lançada, no ano que vem. "Nos últimos três anos, fiz seis filmes no Cazaquistão e posso lhe dizer que meus filmes são populares, viram sucessos imediatos."

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O que dizer de toda a polêmica levantada com o filme original? Well, they simply didn´t get the joke... Borat não retrata como é o Cazaquistão, mas como o povo do oriente médio é visto pelos americanos: um bando de bárbaros, sujos, imorais e terroristas (vide o conselho que Borat recebe no rodeio na Califórnia, para tirar seu bigode e se distinguir dos terroristas).

Com um humor ao mesmo tempo escrachado e ingênuo, o personagem de Sacha consegue arrancar das pessoas suas características menos louváveis. "Sem querer", Borat descortina as 'barbaridades' não do Cazaquistão, mas dos Estados Unidos. Isto porque, como vimos anteriormente, é justamente em situações "impensadas" que deixamos transparecer nossos frames. E é através de situações provocativas que vemos no filmes muitas metáforas do povo americano.

Não me estenderei listando tudo o que pude encontrar no filme, porque creio que isto foi feito em aula. Em todo caso, vou citar duas passagens do filme que mais me chamaram a atenção:

- Qual a melhor arma para matar um judeu? Diante desta pergunta, o vendedor de armas sulista nem sequer titubeia. Oferece uma bela de uma arma sem nem se surpreender com a pergunta... Até tenho medo de pensar em uma metáfora.

- A distância Nova Iorquina: a metáfora 'perto=bom' não se aplica em Nova Iorque, muito menos após o 11/09. Neste contexto 'paranóico', 'perto=perigo'.


 

Three Thousand Miles

 

Sei que não entramos a fundo neste tema durante as aulas, por isso acho que vale a pena assistir esse update (20 minutos) bem interessante sobre a questão da fronteira EUA-México. 
É um vídeo relativamente recente e trata sobre os diversos problemas enfrentados pelos países, como a questão da imigração e o tráfico de drogas na extremidade de seus territórios. 
Neste mini-documentário são citados os programas e esforços desenvolvidos entre os dois países para reduzir a violência nesta longa faixa de terra. Vale a pena conferir.



Podemos em seguida, abrir uma discussão através dos coments, o que acham?


Grande abraço a todos e boas férias!

Fernando Rodrigues

O Brasil na Wikileaks – Quem cresce, aparece.



Sobrou pra gente na Wikileaks também. E olha que nos últimos anos, dentro dos milhares de documentos já divulgados, não são poucos os documentos secretos que tratam sobre o Brasil.

Os principais temas são econômicos, como o comércio bilateral e a tarifa do etanol, e políticos, principalmente sobre ascensão de nosso país no cenário internacional. 
Documentos da década de 90 já apontavam Brasil e Argentina como países dominantes na América do Sul. Porém, em textos mais recentes, o Brasil já aparece como "única potência" da América Latina e "líder entre países em desenvolvimento".

Esses documentos são indicadores muito interessantes, pois permitem uma análise sobre a percepção externa de nosso país, que passa por um período de notoriedade bastante particular e positivo. Mais interessante ainda é saber que causamos preocupação.
Hoje venho falar sobre outro tema que vazou: a percepção de um político americano sobre a Amazônia. 
Documentos secretos do ex-embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel classificam como “paranóica” a política ambiental e de segurança do Brasil na Amazônia. 

Em duas correspondências diplomáticas datadas de 2009 e divulgadas na última quarta-feira (01/12), o diplomata afirma que a estratégia brasileira "cai na tradicional paranóia do Brasil a respeito das atividades das ONGs e outras forças estrangeiras que são percebidas como ameaças potenciais para a soberania do Brasil" Sem comentários... (Lembrei daquela música dos Titãs, Aluga-se:
 
Os estrangeiros
Eu sei que eles vão gostar
Tem o Atlântico
Tem vista pro mar
A Amazônia
É o jardim do quintal
E o dólar deles
Paga o nosso mingau...
)

O embaixador recomenda, no entanto, que os EUA ajudem a potencializar a capacidade militar do Brasil como via para "apoiar os interesses dos EUA" na região.
Dois meses depois dessas correspondências diplomáticas, o ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, lembraria após um encontro com o Chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, Mike Mullen, que "não há tutela possível sobre a Amazônia que não seja a brasileira".  Toma.
Mas para Sobel, os Estados Unidos poderiam se beneficiar dessa "paranóia" do Brasil sobre a possibilidade de perder o controle de suas fronteiras. Como segue a frase a seguir:
"A preocupação política sobre as imaginadas ameaças à soberania na Amazônia, no entanto, pode servir para o objetivo prático de impor aos militares uma maior capacidade para projetar seu poder à região, que é a mais vulnerável à instabilidade dos países vizinhos".
Quanto maquiavelismo...

Pra quem não sabe o que é nem como funciona o Wikileaks

Fernando Rodrigues

O novo imigrante

Pela primeira vez o número de imigrantes ilegais ultrapassou o número de imigrantes legais nos Estados Unidos. Esse dado abrevia a reflexão acerca do novo papel que os imigrantes têm na sociedade norte-americana. A imigração nos EUA, que antes no imaginário popular estava envolta de mitos que chegavam a ser pueris, se cercará de medos e incertezas.

http://http://www.youtube.com/watch?v=ePb-XqQazfM

A imigração teve um papel fundamental na construção dos Estados Unidos. É por meio da figura do imigrante, aquele que vai buscar em uma nova terra progresso e pertencimento (já que foi a intolerância religiosa que trouxe os colonos para os Estados Unidos), que a nação americana irá se formar. E muito dos frames mais conhecidos partirão da figura do imigrante.

Os Estados Unidos, durante décadas esteve entre os países que mais receberam imigrantes. Mas nos anos 2000, especificamente a partir de 11 de Setembro os estrangeiros personificarão o frame de Terror; primeiro, por meio da figura do individuo do Oriente Médio, depois por meio da figura do estrangeiro. Será contra eles que muitos cidadãos norte-americanos e seus representantes se voltarão contra a fim de aliviar as tensões que os ataques trouxeram.

A criminalização da migração nos EUA criou uma massa de fora-da-lei, e se reflete na cotidianidade dos imigrantes. Imigrar tornou-se uma questão de segurança nacional, onde os imigrantes ilegais se tornarão criminosos, passiveis de punições graves. Isso setornou tão real que os imigrantes ilegais deixarão de reportar a polícia local crimes que ocorrem contra eles, com medo de deportação. Essa tensão pode aumentar a violência dentro das comunidade imigrantes pois o medo de deportação pode dar a alguns individuos um passe livre para coagir ou agredir imigrantes ilegais.

Imigração se tornará um frame para insegurança nacional, pois todos aqueles que não compartilham a maior parte das práticas sociais norte-americana personificarão um novo frame, o de desconhecido, o de indesejado. A nova lei de imigração do Arizona explicita bem como esse novo frame foi incorporado por muitos grupos da sociedade norte-americana.

Surpreendentemente o governo Obama que criticou a nova lei, visando seus eleitores latinos, continuará com as políticas migratórias do governo antecessor. Diversas ações em fazendas e fábricas foram realizadas ao longo do ano a fim de punir empregadores que tivessem entre seus funcionários imigrantes ilegais. Isso nos indica que esse é de fato o novo papel do imigrante na sociedade norte-americana.