6 de dezembro de 2010

O segredo para ser um um anti-sionista respeitado

Quer ser um anti-sionista respeitado? Seja judeu!
Antes de explicar minha provocação, me sinto na obrigação instintiva de não esperar sequer um segundo para que estranhamentos irrompam: percebam que não se trata de anti-SEMITISMO, mas sim de anti-SIONISMO. Perdão pelo esclarecimento tolo, mas é que para ser mal interpretado nesta questão, um piscar de olhos basta.

Pois bem, voltando à questão...
Tenho lido recentemente dois acadêmicos interessantíssimos; um muito famoso: Noam Chomsky, e o outro, em vias de se tornar um -quem sabe, daqui uns anos: Norman Finkelstein.
As semelhanças entre eles? Bom, ambos já foram impedidos de entrar em Israel, sendo deportados por funcionários da imigração sob alegação de "opiniões anti-sionistas". Ambos são estadunidenses, muito respeitados no meio acadêmico e autores de diversos livros. Ambos manifestam-se por meio de discurssos, entrevistas, ensaios ou livros, a favor de uma leitura crítica com relação ao Estado de Israel e produzem críticas severas ao modus operandi do projeto sionista.
E ah!! Claro, ambos são judeus!

Recomendo "Rumo a uma nova guerra fria", de Chomsky e " A indústria do Holocausto", de Finkelstein.
O que mais me chama atenção nestes autores é justamente o fato de que, suas críticas tem - em certa medida - "carta branca", pelo fato de serem judeus. Não fossem, o rótulo de anti-semitas seria automaticamente conferido a ambos.
Em A Indústria do Holocausto, Norman Finkelstein, mostra como o holocausto foi transformado num mito que serve aos interesses da elite judaica. O livro é uma denuncia da exploração política, ideológica e financeira do Holocausto pelas grandes organizações judaicas internacionais. Não é difícil imaginar a polêmica que surgiu sobre a obra!
Finkelstein é filho de judeus egressos do Gueto de Varsóvia e sobreviventes do Campo de Concentração de Maidanek e de Auschwitz.


Segundo suas próprias palavras ".... as atrocidades nazistas transformaram-se num mito que serve aos interesses judeus, sendo que nesse sentido, o holocausto transformou-se em Holocausto (com h maiúsculo) ou seja, numa indústria que exibe como vítimas o grupo étnico mais bem sucedido dos Estados Unidos e apresenta como indefeso um país como Israel, uma das maiores potências militares do mundo, que oprime os goiyns (os que não são judeus) em seu território e em áreas de sua influência".

Nesse seu último livro, Norman Finkelstein mostra que o extermínio de judeus durante a Segunda Guerra foi transformado em "uma representação ideológica que defende interesses de classe e sustenta certas políticas."
Para as diversas organizações judaicas no mundo, e a para a direita israelense, então no poder, a melhor forma de atrair simpatia era vender a idéia de que a hostilidade palestina poderia levar a uma reedição da "Solução Final".
Israelenses e judeus são hoje a grande força de opressão, perseguindo os palestinos em sua terra natal, e os negros que, em vários momentos foram seus aliados, mas que agora não mais lhes interessam.
Segundo palavras do professor francês Jacques Rancière a intenção do autor é mostrar que "... o Holocausto se transforma assim, numa cobertura para Israel perpetuar a espoliação dos palestinos, enquanto os Estados Unidos podem esquecer os massacres e as injustiças que marcaram a sua história."

Já na obra de Chomsky a que me referi, seu ponto de vista sobre a política externa americana, em especial, no que se refere ao conflito Israel-Palestina, é um corajoso manifesto.



Entre muitos artigos e livros sobre este tema, sua obra The Fateful Triangle é considerado um dos principais textos que se opõem ao tratamento que Israel dá aos palestinos e o apoio que os Estados Unidos dão aos governos israelenses. Segundo ele, Israel representou uma "liderança do terrorismo de estado" na época em que realizava a venda de armamentos para a África do Sul - nos tempos do apartheid - e para países da América Latina governados por governos-títeres dos americanos.

Suas constantes condenações ao incondicional apoio militar, financeiro e diplomático que os Estados Unidos dão aos governos israelenses já fizeram muita gente perder a paciência. Em meio a discussões desencontradas e muitas vezes manipuladas sobre a questão na Palestina, ter acesso a críticas de autores judeus é, sem dúvida, muito interessante.

Polêmicas à parte, os dois livros são ótimos, e os argumentos, embasados.


obs: O "rumo a uma nova guerra fria" do Chomsky está sendo vendido na banca de jornal em frente ao Conj.Nacional, na Paulista, por R$14,90, novo, lacrado! Recomendo.



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