6 de dezembro de 2010

Por muitos anos, o estilo de vida norte-americano, sua economia, políticas sociais, governo e etc., foram tidos como modelos ideais, admirados e copiados por muitos países. Entretanto, o mundo vem, cada vez mais, criticando e analisando o sistema dos Estados Unidos e a qualidade de vida dos americanos.
A admirada e, até então, estável economia norte-americana sofrera recentemente uma grave crise que prejudicou o bem estar de sua população e questionou suas políticas públicas. Nas últimas décadas, o governo e a população dos Estados Unidos, vêm sendo alvo de denúncias de estudos e análises sobre a fragilidade de seu sistema e a manipulação e crimes cometidos pelos órgãos estatais e o próprio governo contra a população e os direitos humanos e em favor da indústria, de órgãos privados, da economia de mercado, do desenvolvimento maciço da economia do Estado e etc.. A educação dos Estados Unidos, por exemplo, é freqüentemente criticada, pois os norte-americanos, apesar de serem o principal centro de pesquisas e desenvolvimento, sofrem com uma precariedade do ensino e são, muitas vezes, alienados frente aos principais acontecimentos nacionais e mundiais e são tidos como ignorantes em relação às ciências consideradas essenciais no nível da educação.
O americano Michael Moore que é um dos principais críticos da política, economia e cultura norte-americana, produziu e escreveu uma série de filmes e documentários que trazem à tona realidades obscuras de seu país e que são freqüentemente “mascaradas” pelo Estado e órgãos de interesse. Em um de seus polêmicos documentários, Michael analisa o sistema de saúde dos Estados Unidos que, diferentemente do Brasil, Cuba e Canadá, por exemplo, não possui um sistema universal.
Os dados apresentados no longa-metragem assustaram a população mundial, principalmente àqueles que desfrutam de um apoio governamental, mesmo que deficiente, e é assistido, ao menos legislativamente, em suas necessidades básicas. O sistema de saúde dos Estados Unidos é unicamente privado, entretanto, por volta de 50 milhões de norte-americanos não possui plano de saúde e os outros 250 que têm condições de pagar um, desfrutam de um serviço extremamente precário e deficitário. Infelizmente, devido ao descaso governamental e das empresas privadas, cerca de 18 mil pessoas vão morrer por ano por que não possuem plano de saúde e nem uma assistência pública.
Infelizmente, a indústria farmacêutica, as empresas privadas de planos de saúde, dentre outros beneficiários do atual sistema de saúde, estão diretamente ligados ao Congresso, ao governo e às políticas públicas que são implementadas ou deveriam ser. Hilary Clinton, quando ainda era primeira dama, tentou universalizar o sistema americano, porém não teve êxito. Os órgãos privados de interesse investiram mais de $140 milhões para a promoção dos planos de saúde e no marketing negativo da proposta da Hilary. Aproveitando do medo que os norte-americanos têm do socialismo e tudo que o envolve, o projeto de sistema universal de saúde foi associado ao mesmo. Assim, a população rejeitou a mudança, o que deu margem para políticos corruptos não apoiarem a proposta no Congresso e, juntamente com as instituições privadas de interesse, se beneficiarem em detrimento da população.
Infelizmente, aparentemente, é vantajosa uma população pobre, doente e com baixa auto-estima, pois, além de mais facilmente manipulável, favorece a indústria e o mercado que, hoje, dominam a política dos Estados, inclusive as políticas sociais. Atualmente, essas políticas representam possibilidades de grandes negócios, fato que contraria o sentido do serviço governamental que teoricamente significa uma política não-capitalista de suporte à população a fim de suprir suas necessidades básicas segundo os direitos humanos e a legislação internacional sobre o bem estar social.
Entretanto, ao menos no caso do sistema de saúde, é possível unir uma política social justa e vantajosa para o governo. Financeiramente, a longo prazo, é financeiramente favorável, pois o custo do trato de doenças é muito maior do que os investimentos em uma boa profilaxia, como Michael Moore exemplifica através dos sistemas de saúde francês, canadense, cubano e inglês. Além do mais, uma população saudável, feliz e satisfeita, apesar de aparentemente dificultarem os planos governamentais, une a nação e apóia o governo.
É natural que a população exija mais serviços públicos de direito, como os Correios, polícia, bombeiros e etc.. E é natural que muitos dos serviços privados da atualidade se tornem públicos, principalmente por que muitos países já são exemplos e cada vez mais desenvolvem seus serviços públicos. É uma luta pelo acesso à riqueza social e à justa distribuição dos impostos. Porém, é provável que o primeiro passo para um sistema eficiente e assistente é desvincular o governo das indústria, das empresas, das grandes corporações e dos órgãos privados que se beneficiam da política causando prejuízo a população.



Uirá Rocha

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