6 de dezembro de 2010

O Brasil na Wikileaks – Quem cresce, aparece.



Sobrou pra gente na Wikileaks também. E olha que nos últimos anos, dentro dos milhares de documentos já divulgados, não são poucos os documentos secretos que tratam sobre o Brasil.

Os principais temas são econômicos, como o comércio bilateral e a tarifa do etanol, e políticos, principalmente sobre ascensão de nosso país no cenário internacional. 
Documentos da década de 90 já apontavam Brasil e Argentina como países dominantes na América do Sul. Porém, em textos mais recentes, o Brasil já aparece como "única potência" da América Latina e "líder entre países em desenvolvimento".

Esses documentos são indicadores muito interessantes, pois permitem uma análise sobre a percepção externa de nosso país, que passa por um período de notoriedade bastante particular e positivo. Mais interessante ainda é saber que causamos preocupação.
Hoje venho falar sobre outro tema que vazou: a percepção de um político americano sobre a Amazônia. 
Documentos secretos do ex-embaixador dos EUA em Brasília, Clifford Sobel classificam como “paranóica” a política ambiental e de segurança do Brasil na Amazônia. 

Em duas correspondências diplomáticas datadas de 2009 e divulgadas na última quarta-feira (01/12), o diplomata afirma que a estratégia brasileira "cai na tradicional paranóia do Brasil a respeito das atividades das ONGs e outras forças estrangeiras que são percebidas como ameaças potenciais para a soberania do Brasil" Sem comentários... (Lembrei daquela música dos Titãs, Aluga-se:
 
Os estrangeiros
Eu sei que eles vão gostar
Tem o Atlântico
Tem vista pro mar
A Amazônia
É o jardim do quintal
E o dólar deles
Paga o nosso mingau...
)

O embaixador recomenda, no entanto, que os EUA ajudem a potencializar a capacidade militar do Brasil como via para "apoiar os interesses dos EUA" na região.
Dois meses depois dessas correspondências diplomáticas, o ministro da Defesa do Brasil, Nelson Jobim, lembraria após um encontro com o Chefe do Estado-Maior dos Estados Unidos, Mike Mullen, que "não há tutela possível sobre a Amazônia que não seja a brasileira".  Toma.
Mas para Sobel, os Estados Unidos poderiam se beneficiar dessa "paranóia" do Brasil sobre a possibilidade de perder o controle de suas fronteiras. Como segue a frase a seguir:
"A preocupação política sobre as imaginadas ameaças à soberania na Amazônia, no entanto, pode servir para o objetivo prático de impor aos militares uma maior capacidade para projetar seu poder à região, que é a mais vulnerável à instabilidade dos países vizinhos".
Quanto maquiavelismo...

Pra quem não sabe o que é nem como funciona o Wikileaks

Fernando Rodrigues

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