6 de dezembro de 2010

Borat - they dind´t get the joke

Vejam a notícia que o site da BBC Brasil veiculou há poucos dias:


Cineasta cazaque dirige sequência de Borat



Borat - o filme original conta a história de um suposto repórter do país
Um diretor de cinema do Cazaquistão filmou a continuação da famosa comédia e pseudodocumentário Borat, do britânico Sacha Baron Cohen.

A proposta do novo filme é ser uma comédia de humor negro que melhore a imagem do país, ridicularizado no filme original.

Quando foi lançado, em 2006, o filme de Cohen - que conta a história de um jornalista grosseirão que viaja do país aos Estados Unidos e sai em busca da atriz Pamela Anderson - causou ultraje no Cazaquistão e acabou sendo proibido em solo cazaque. O governo do país, inclusive, ameaçou processar Cohen por causa do filme.

O diretor do novo filme, Erkin Rakishev, diz não ter visto o lado engraçado da produção original e alegou que decidiu filmar uma continuação para corrigir a imagem do país criada pelo personagem de Cohen.

"Todo cazaque que vai ao Ocidente sente desconforto ao dizer de onde vem porque os ocidentais associam o país ao filme Borat ", disse Rakishev à BBC.


Cidade Moderna

Rakishev não viu graça no filme original
A sequência do original, Borat, My Brother (ainda sem título em português), conta a história de um jornalista americano chamado John que, após assistir ao primeiro filme Borat, decide visitar o Cazaquistão.

Ele sai à procura do vilarejo fictício de Kusek, onde o personagem Borat teria nascido, mas encontra uma cidade moderna e desenvolvida.

"No filme, John se lembra de que Borat havia mencionado seu irmão Bilo, que tem um problema mental. Ele encontra Bilo em um hospital psiquiátrico ao lado de Osama Bin Laden e George Bush, e é assim que o filme começa", disse o diretor. Bilo leva John em uma viagem por seu país para mostrar a ele o verdadeiro Cazaquistão.

Para o diretor, Borat realmente ofendeu sua nação. "Acho que (o filme) passou do limite. Talvez eles só quisessem fazer uma piada, mas nos diminuíram, nos insultaram, nos misturaram com sujeira, nos compararam a animais, nos representaram como um povo bárbaro e selvagem."

"Você diz que todos entendem que foi uma piada, mas não concordo, porque a maioria das pessoas acredita no que vê e ouve", alegou o diretor.

Polêmicas

 
Mas o filme de Rakishev também inclui algumas cenas polêmicas. Em uma delas, Bilo é estuprado por um jumento e, em outra, uma mulher idosa é vista batendo nos dois personagens principais com uma vareta. Rakishev nega que essas cenas possam ofender algumas pessoas, afirmando que "se o irmão de Borat tivesse estuprado o jumento, talvez isso pudesse ser considerado ultrajante, mas é o oposto".
O diretor diz que as piadas do filme podem ser pesadas, mas não ofensivas, e que leva em conta as opiniões do público ocidental. "Queremos que o público ocidental assista (ao filme) e tenha uma melhor compreensão de como é o Cazaquistão na realidade", disse ele.
Após o sucesso do primeiro Borat, que arrecadou quase US$ 240 milhões em bilheterias, Rakishev acredita que sua sequência também vai ser um grande sucesso quando for lançada, no ano que vem. "Nos últimos três anos, fiz seis filmes no Cazaquistão e posso lhe dizer que meus filmes são populares, viram sucessos imediatos."

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O que dizer de toda a polêmica levantada com o filme original? Well, they simply didn´t get the joke... Borat não retrata como é o Cazaquistão, mas como o povo do oriente médio é visto pelos americanos: um bando de bárbaros, sujos, imorais e terroristas (vide o conselho que Borat recebe no rodeio na Califórnia, para tirar seu bigode e se distinguir dos terroristas).

Com um humor ao mesmo tempo escrachado e ingênuo, o personagem de Sacha consegue arrancar das pessoas suas características menos louváveis. "Sem querer", Borat descortina as 'barbaridades' não do Cazaquistão, mas dos Estados Unidos. Isto porque, como vimos anteriormente, é justamente em situações "impensadas" que deixamos transparecer nossos frames. E é através de situações provocativas que vemos no filmes muitas metáforas do povo americano.

Não me estenderei listando tudo o que pude encontrar no filme, porque creio que isto foi feito em aula. Em todo caso, vou citar duas passagens do filme que mais me chamaram a atenção:

- Qual a melhor arma para matar um judeu? Diante desta pergunta, o vendedor de armas sulista nem sequer titubeia. Oferece uma bela de uma arma sem nem se surpreender com a pergunta... Até tenho medo de pensar em uma metáfora.

- A distância Nova Iorquina: a metáfora 'perto=bom' não se aplica em Nova Iorque, muito menos após o 11/09. Neste contexto 'paranóico', 'perto=perigo'.


 

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