6 de dezembro de 2010

A Mãe Profissional

Nos últimos anos vimos o destaque crescente de figuras femininas no cenário político-diplomático como Cristina Kirchiner, Michele Barchelet, Angela Merkel, Condoleezza Rice, Dilma Roussef , Indira Gandhi e Hilary Clinton, sem motivos para deixar de citar Marta Suplicy, Princesa Diana até mesmo nossa querida Sarah Palin.

O frame da mulher moderna, forte, capaz de ao mesmo tempo cuidar de uma família e trabalhar, e não apenas trabalhar, mas assumir cargos com responsabilidades antes vistas como masculinas, como é o caso da política e da diplomacia, vem tomando conta de todas as rodinhas de discussão política há algum tempo.

Vejamos o caso de Dilma Roussef, recém eleita para presidência do Brasil, se tornando a primeira mulher a comandar a maior economia latina. Dilma, além de se preocupar em construir um discurso sólido, como todo político deseja, tentando demonstrar força e competência em todos os debates e entrevistas concedidas, se preocupava em enfatizar não que é apenas uma mulher, mas que uma mulher que preserva a família e valoriza o futuro das próximas gerações, como podemos observar no trecho a seguir do debate da RedeTV!, em 17/10/2010:

Em suas considerações finais, Dilma recorre ao frame da mulher-mãe, que cuida de toda uma família. Ao dizer que está muito feliz pelo nascimento de seu neto e quer dar ao Brasil o futuro que quer dar a ele, transplanta essa idéia maternal da mulher em relação ao país. Independentemente da competência ou não de Dilma e seus méritos (ou não) para vencer as eleições, o frame da mulher e mãe (no caso, já avó) se encaixa muito bem no discurso, pois isso traz a idéia de uma pessoa que se preocupa com o país como se preocupa com sua própria família.

Isso pode ser incrivelmente subjetivo, mas é ao mesmo tempo incrivelmente influenciador. Uma mulher, com características de sensibilidade, de mãe, somadas as de um político, constituem uma personalidade capaz de prover cuidados básicos como um sistema de saúde consideravelmente eficiente (uma mãe cuida da saúde de seus filhos) e claro, como política, capaz de comandar a maior economia da América Latina.

Se por um lado, Dilma conseguiu mobilizar o frame da mulher moderna ao seu favor, Sarah Palin vem tendo algumas dificuldades... É inquestionável que Sarah tem competências para assumir cargos importantes, afinal de contas foi governadora do Alaska e concorreu a vice-presidência dos Estados Unidos. Algum mérito deve existir. Sarah é uma das que mais recorrem ao frame mulher/mãe. Em seus discursos é comum a presença de sua família, com destaque para sua competência na “gestão” de todos os seus filhos e marido.

Só que recorrer a esse frame se tornou, a meu ver, um ato um tanto quanto desesperado de Sarah. Todos os seus discursos se baseavam nisso. E talvez por isso, grande parte da opinião pública passou a questionar sua capacidade política e sátiras se tornaram recorrentes.

Trazendo um pouquinho de humor ao post, assistam ao vídeo do site Barely Political, especializado em sátiras políticas, às vezes até que um pouco apelativas.



Sarah definitivamente não conseguiu converter este frame em votos e conquistar a confiança da população em seu papel de candidata à mãe do Estado norte-americano.

Seria bem interessante se conseguíssemos analisar o discurso de todas as mulheres e notarmos quais se utilizam deste frame para arrecadar mais votos e porque não, exercer o trabalho que antes era visto como masculino. Esta é a mãe profissional, mil e uma utilidades.


Carolina Nascimento

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