15 de setembro de 2010

Sobre as "Paredes Humanas"

Faremos agora uma pequena análise sobre as "paredes humanas" - artifício usado por políticos para preencher o espaço vazio atrás deles, enquanto discursos são feitos. Será mesmo só para preencher? Vejamos ....

DEMOCRATAS
Democratic Convention Speech Bill Clinton apoiando Barack Obama

Como podemos ver, nesse caso a “parede humana” é composta prioritariamente por jovens entusiasmados, pessoas de diferentes etnias, representando a diversidade e o “futuro”, com muita energia e fanatismo.

Outro ponto interessante é que se vê, nessa “parede humana”, muito menos bandeiras americanas do que em convenções Republicanas, porém muito mais placas de apoio a candidatura. Nesse vídeo, só vemos 2 bandeiras americanas muito pequenas a esquerda, porém diversas pessoas segurando a placa “ Change We Need”, slogan da campanha de Obama para presidência.

Senador John Kerry, em sua campanha de suporte a Obama, em um discurso no estado de Wisconsin, em que ganhou por 1% nas eleições em 2004.



Nesse vídeo, menos “produzido” que uma conferência nacional, ainda sim podemos identificar traços importantes nas “paredes humanas”. Novamente, a presença de massiva de jovens na primeira fila, e minorias (negros e hispânicos) ao fundo também.
O mais interessante aqui é ver que, até em pequenos discursos feitos quase que diariamente, a “parede humana” está presente e sempre passando a mensagem do partido. No caso da campanha de Obama, o foco nos novos eleitores e na diversidade, e o apelo lúdico do “Yes we can / Change we need”

Barack Obama discurso presidencial – Stand for Change 2008



O interessante aqui é observar as pessoas ao fundo, e no mesmo padrão, jovens, diversos e cheios de energia. Quanto mais a câmera se movimenta, mais podemos ver a diversidade no palanque, e placas vermelhas de “Stand for Change” (detalhe interessante é o uso da cor vermelha, como um PARE no sinal de trânsito, chamando a atenção das pessoas) e as placas de “Change we Need” (azuis, representando aqui esperança e positividade)


REPUBLICANOS

Compilação de discursos de George W Bush durante seu mandato (engraçado)



O objetivo aqui não é fazer graça ou difamar, mas sim, por meio dessa compilação, analisar as diversas “paredes humanas” em seus discursos (você pode fazer isso com o som desligado ;)
Como podemos ver, em qualquer discurso, prevalece o padrão branco, caucasiano, meia idade ou idoso, maioria masculina, presença militar constante e sem quaisquer minorias.

Sarah Palin para vice presidente de John McCain



Esse vídeo (já assistido em aula) pode ser o mais caricato dentre todos escolhidos, conta com uma grande lista de sinais e mensagens:  A Família presente ao fundo em primeiro plano (mulher forte, decidida, confiante, porém ainda sim mãe, com filhos e coração).O “guarda florestal” à esquerda, remetendo a ordem e controle. O pequeno escoteiro ao lado, remetendo ao futuro, também regrado e com controle.

A presença uniforme de caucasianos, já com uma certa idade, sem qualquer presença de minorias.

Bom, por fim, acho interessante esse artifício da “parede humana” como forma de reforçar qualquer mensagem dita no discurso ou passar alguma mensagem específica de Democratas e Republicanos, ativando os seus frames. Fica óbvio como as pessoas são escolhidas como peças de xadrez ao ocupar o cenário, cada uma transmitindo uma imagem com significados alinhados com o partido e sua ideologia.


Cheers all!

4 comentários:

  1. Diego,

    Post muito interessante, um verdadeiro exercício de identificação de frames.

    Muito o bom o jeito que vc disponibilizou o vídeo, pois colocando as "paredes" democratas antes, quando nos deparamos com as republicanas, temos um choque. Dá um grande contraste...

    O Layout do post também ficou perfect, nota mil.

    Abraços,

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  2. Diego,

    caramba! nunca tinha pensado nesse artifício. Uma forma de dar mais "vida" ao discurso. Repare aí que não se criou um padrão forçado para explicar os frames. Faz todo o sentido. A ideologia dos partidos estão bem definidas, coisa que no Brasil não se identifica precisamente.

    Bom!

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  3. Ótima análise, Diego, muito perspicaz! Gostei especialmente da sua menção ao tabuleiro de xadrez (uma metáfora em que não tinha pensado ainda para explicar esse recurso). Tony

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  4. Muito interessante a abordagem. Não sei se os americanos ainda estão encantados com Obama, mas a estratégia para a eleição foi muito boa.

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