9 de novembro de 2010

As faces do Individualismo na sociedade norte-americana

Depois de tanto analisar os frames que os americanos tem em seus cérebros, chega a hora de nós mesmos analisarmos os nossos. Quando alguém nos fala em americano, qual seria o principal frame ativado em nossas mentes?

Muitos pensam logo em imperialistas, capitalistas, malvados... Muitas vezes, só coisas ruins vêm às nossas cabeças. Porém, para mim, vem algo maior e mais coerente: Individualistas.

Os Estados Unidos da América, ao meu ver (seja pela ativação de frames em minha mente ou não) é o país que mais representa esta característica no mundo. O individualismo é parte do ideário e emocional dos moradores dos EUA e constitui também a cultura, sociedade, economia e política deste Estado.

Logo, para auxiliar nosso entendimento, vamos observar através de alguns tópicos, como aparece este individualismo e como ele é passado como frame aos americanos através de gerações.

1. Baseball

Veremos primeiramente, neste que é o esporte mais popular dos EUA, como o individualismo é transmitido ao mesmo tempo que os espectadores se emocionam vendo uma partida deste jogo. Apesar da disputa entre duas equipes, uma desta entra apenas com um jogador, o batedor. Este será responsável por superar 9 oponentes da equipe adversária. Enquanto sua equipe estiver no ataque, o batedor terá de três chances para realizar com sucesso sua jogada e dar pontos ao seu time. Ou seja, tudo depende dele. Não há, nesse esporte, o apelo para o team play. O fracasso ou a vitória dependem exclusivamente de pessoas em jogadas individuais. Observamos que isto é muito difrente do nosso esporte mais popular que é o futebol, que depende essencialmente de um ótimo trabalho em grupo, seja do técnico, do goleiro, dos zagueiros, dos meio-campistas, atacantes, etc... Até o trabalho do juíz e de seus auxiliares deve ser colocado ao nível de importância. O baseball não.

2. Escola em casa
Esta é uma prática muito comum, que nós brasileiros podemos ver quando assistimos algum programa de Supernanny ou Extreme MakeOver da vida. Pais que preferem educar seus filhos no conforto e segurança do lar, ao levá-los ao ambiente escolar. Talvez, em alguns casos específicos, há razões diferentes como algum problema de saúde, mas na maioria das vezes a justificativa alegada é a de que é melhor o filho aprender com a família do que ir à confusa e não 100% confiável escola. O medo que a ala mais individualista e conservadora dos EUA tem do
grupo é altamente observável. Neste caso, o individualismo é passado como frame não em um processo de comunicação em massa, mas sim de pai para filho.










3. O Voto não-obrigatório

Há algo mais individualista do que falar: Vote apenas se você quiser? Isso reforça nos norte-americanos o frame conservador de "liberty": a liberdade individual para que o americano possa fazer o que ele bem entender. A ala liberal é contra e sempre em suas campanhas cobra participação massiva de votantes para que o pensamento de inércia política não continue.








4. Jazz
Finalizando minha análise, temos aqui um estilo musical. Mas o que diabos isso tem a ver com o Individualismo norte-americano? Bom... tudo. O Jazz é muitas vezes descrito como sendo uma forma de arte extremamente individualista. Pode-se descobrir qual o músico de jazz toca pois a improvisação de um músico, irá soar apenas como a dele. Isso é bem observável se, ao invés de lermos, ouvirmos.



A música, a qual nos ouvimos como um todo, é composta de solos alternados dos músicos. Um de cada vez, um tocando seu instrumento de cada vez. Se separarmos os instrumentos, teremos solos diversos que fazem sentido, sem letra ou sem o acompanhamento de outro instrumento. Logo, temos uma das faces mais importantes do individualismo americano: Faça o seu trabalho, mind your business e o "todo" será construído de qualquer maneira.



Bom. Espero que os 4 tópicos tenham esclarecido vocês, leitores, como os americanos em qualquer prática, seja ela social, política, econômica ou cultural transparecem seus interesses de manter as práticas que formaram o país. De 13 colônias, individualistas a um agregado de mais de 50 estados que ainda querem manter este posto de "donos do próprio nariz", mas que constituem uma nação.

Obrigado a todos que leram este e meus outros dois artigos. Agradeço ao professor por esta criativa idéia de avaliar os alunos e desejo a todos um excelente final de ano! :D

2 comentários:

  1. Belo texto,camarada! Não sabia que esse individualismo se refletia nas manifestações culturais dos yankees.

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