7 de dezembro de 2010
Terrorista da Informação
O vídeo abaixo é uma compilação de declarações sobre Assange feitas por O´Reilly e outros (o vídeo foi editado toscamente mas dá para se ter uma idéia).
Outro ponto relevante é a tentativa de rotular Assange como um terrorista da informação que passa dados sigilosos para o conhecimento público. Ora, se passar informações desconhecidas para o público é um ato terrorista, a grande parte dos jornalistas deveria ser mandada para Guantánamo, na visão dos conservadores. Para estes, a liberdade da informação parece não existir quando o assunto é segurança nacional e terrorismo, e qualquer ação deve ser tomada para evitar alimentar os terroristas com informações classificadas, vide o ato patriota no governo Bush.
Segue o video do “Young Turks” onde a liberdade nos EUA é confrontada com os recentes vazamentos.
Conservadores X Soccer
Neste ano, a Copa do Mundo de futebol realizada na África do Sul despertou na ala conservadora norte-america um sentimento profundo de desprezo ao esporte e o “soccer fever” vivido naquele período. Glenn Beck, famoso comentarista da Fox News chegou ao ponto de comparar o futebol com as políticas reformistas de Obama.Veja vídeo abaixo.
“O mundo gosta das políticas de Barack Obama e o mundo gosta da Copa do Mundo, mas nós não”. É com esse pensamento direto ao ponto que os conservadores frisam uma barreira, um “frame” que polariza a verdadeira cultura americana, principalmente no âmbito esportivo com a cultura vivida pelo restante da população mundial. Deste jeito, Beck faz um contra ponto entre os tradicionais esportes norte-americanos como o baseball e o futebol americano, praticados há décadas pela grande maioria da população, e o “soccer”, praticado em sua grande maioria pelas mulheres, crianças e filhos de imigrantes. O debate foi tão levado para o âmbito político no momento que o analista conservador Dan Gainor, afirmou que a esquerda estava obrigando as escolas a darem aulas de “soccer” pois a America está de “amarronzando”.
Abaixo segue o vídeo “Top Ten” do programa de David Letterman dizendo os motivos porque os norte-americanos não gostam de futebol. É uma crítica bem humorada em cima dos tradicionais esportes norte-americanos e à visão de que o futebol é um esporte de estrangeiros.
6 de dezembro de 2010
Noam Chomsky: rational = boring
Borat - they dind´t get the joke
Borat - o filme original conta a história de um suposto repórter do país |
Cidade Moderna
Rakishev não viu graça no filme original |
Com um humor ao mesmo tempo escrachado e ingênuo, o personagem de Sacha consegue arrancar das pessoas suas características menos louváveis. "Sem querer", Borat descortina as 'barbaridades' não do Cazaquistão, mas dos Estados Unidos. Isto porque, como vimos anteriormente, é justamente em situações "impensadas" que deixamos transparecer nossos frames. E é através de situações provocativas que vemos no filmes muitas metáforas do povo americano.
Não me estenderei listando tudo o que pude encontrar no filme, porque creio que isto foi feito em aula. Em todo caso, vou citar duas passagens do filme que mais me chamaram a atenção:
- Qual a melhor arma para matar um judeu? Diante desta pergunta, o vendedor de armas sulista nem sequer titubeia. Oferece uma bela de uma arma sem nem se surpreender com a pergunta... Até tenho medo de pensar em uma metáfora.
- A distância Nova Iorquina: a metáfora 'perto=bom' não se aplica em Nova Iorque, muito menos após o 11/09. Neste contexto 'paranóico', 'perto=perigo'.
Three Thousand Miles
O Brasil na Wikileaks – Quem cresce, aparece.
Eu sei que eles vão gostar
Tem o Atlântico
Tem vista pro mar
A Amazônia
É o jardim do quintal
E o dólar deles
Paga o nosso mingau...)
O novo imigrante
Pela primeira vez o número de imigrantes ilegais ultrapassou o número de imigrantes legais nos Estados Unidos. Esse dado abrevia a reflexão acerca do novo papel que os imigrantes têm na sociedade norte-americana. A imigração nos EUA, que antes no imaginário popular estava envolta de mitos que chegavam a ser pueris, se cercará de medos e incertezas.
http://http://www.youtube.com/watch?v=ePb-XqQazfM
A imigração teve um papel fundamental na construção dos Estados Unidos. É por meio da figura do imigrante, aquele que vai buscar em uma nova terra progresso e pertencimento (já que foi a intolerância religiosa que trouxe os colonos para os Estados Unidos), que a nação americana irá se formar. E muito dos frames mais conhecidos partirão da figura do imigrante.
Os Estados Unidos, durante décadas esteve entre os países que mais receberam imigrantes. Mas nos anos 2000, especificamente a partir de 11 de Setembro os estrangeiros personificarão o frame de Terror; primeiro, por meio da figura do individuo do Oriente Médio, depois por meio da figura do estrangeiro. Será contra eles que muitos cidadãos norte-americanos e seus representantes se voltarão contra a fim de aliviar as tensões que os ataques trouxeram.
A criminalização da migração nos EUA criou uma massa de fora-da-lei, e se reflete na cotidianidade dos imigrantes. Imigrar tornou-se uma questão de segurança nacional, onde os imigrantes ilegais se tornarão criminosos, passiveis de punições graves. Isso setornou tão real que os imigrantes ilegais deixarão de reportar a polícia local crimes que ocorrem contra eles, com medo de deportação. Essa tensão pode aumentar a violência dentro das comunidade imigrantes pois o medo de deportação pode dar a alguns individuos um passe livre para coagir ou agredir imigrantes ilegais.
Imigração se tornará um frame para insegurança nacional, pois todos aqueles que não compartilham a maior parte das práticas sociais norte-americana personificarão um novo frame, o de desconhecido, o de indesejado. A nova lei de imigração do Arizona explicita bem como esse novo frame foi incorporado por muitos grupos da sociedade norte-americana.
Surpreendentemente o governo Obama que criticou a nova lei, visando seus eleitores latinos, continuará com as políticas migratórias do governo antecessor. Diversas ações em fazendas e fábricas foram realizadas ao longo do ano a fim de punir empregadores que tivessem entre seus funcionários imigrantes ilegais. Isso nos indica que esse é de fato o novo papel do imigrante na sociedade norte-americana.
A Mãe Profissional
Nos últimos anos vimos o destaque crescente de figuras femininas no cenário político-diplomático como Cristina Kirchiner, Michele Barchelet, Angela Merkel, Condoleezza Rice, Dilma Roussef , Indira Gandhi e Hilary Clinton, sem motivos para deixar de citar Marta Suplicy, Princesa Diana até mesmo nossa querida Sarah Palin.
O frame da mulher moderna, forte, capaz de ao mesmo tempo cuidar de uma família e trabalhar, e não apenas trabalhar, mas assumir cargos com responsabilidades antes vistas como masculinas, como é o caso da política e da diplomacia, vem tomando conta de todas as rodinhas de discussão política há algum tempo.
Vejamos o caso de Dilma Roussef, recém eleita para presidência do Brasil, se tornando a primeira mulher a comandar a maior economia latina. Dilma, além de se preocupar em construir um discurso sólido, como todo político deseja, tentando demonstrar força e competência em todos os debates e entrevistas concedidas, se preocupava em enfatizar não que é apenas uma mulher, mas que uma mulher que preserva a família e valoriza o futuro das próximas gerações, como podemos observar no trecho a seguir do debate da RedeTV!, em 17/10/2010:
Em suas considerações finais, Dilma recorre ao frame da mulher-mãe, que cuida de toda uma família. Ao dizer que está muito feliz pelo nascimento de seu neto e quer dar ao Brasil o futuro que quer dar a ele, transplanta essa idéia maternal da mulher em relação ao país. Independentemente da competência ou não de Dilma e seus méritos (ou não) para vencer as eleições, o frame da mulher e mãe (no caso, já avó) se encaixa muito bem no discurso, pois isso traz a idéia de uma pessoa que se preocupa com o país como se preocupa com sua própria família.
Isso pode ser incrivelmente subjetivo, mas é ao mesmo tempo incrivelmente influenciador. Uma mulher, com características de sensibilidade, de mãe, somadas as de um político, constituem uma personalidade capaz de prover cuidados básicos como um sistema de saúde consideravelmente eficiente (uma mãe cuida da saúde de seus filhos) e claro, como política, capaz de comandar a maior economia da América Latina.
Se por um lado, Dilma conseguiu mobilizar o frame da mulher moderna ao seu favor, Sarah Palin vem tendo algumas dificuldades... É inquestionável que Sarah tem competências para assumir cargos importantes, afinal de contas foi governadora do Alaska e concorreu a vice-presidência dos Estados Unidos. Algum mérito deve existir. Sarah é uma das que mais recorrem ao frame mulher/mãe. Em seus discursos é comum a presença de sua família, com destaque para sua competência na “gestão” de todos os seus filhos e marido.
Só que recorrer a esse frame se tornou, a meu ver, um ato um tanto quanto desesperado de Sarah. Todos os seus discursos se baseavam nisso. E talvez por isso, grande parte da opinião pública passou a questionar sua capacidade política e sátiras se tornaram recorrentes.
Trazendo um pouquinho de humor ao post, assistam ao vídeo do site Barely Political, especializado em sátiras políticas, às vezes até que um pouco apelativas.
Sarah definitivamente não conseguiu converter este frame em votos e conquistar a confiança da população em seu papel de candidata à mãe do Estado norte-americano.
Seria bem interessante se conseguíssemos analisar o discurso de todas as mulheres e notarmos quais se utilizam deste frame para arrecadar mais votos e porque não, exercer o trabalho que antes era visto como masculino. Esta é a mãe profissional, mil e uma utilidades.
Carolina Nascimento
O segredo para ser um um anti-sionista respeitado
Segundo suas próprias palavras ".... as atrocidades nazistas transformaram-se num mito que serve aos interesses judeus, sendo que nesse sentido, o holocausto transformou-se em Holocausto (com h maiúsculo) ou seja, numa indústria que exibe como vítimas o grupo étnico mais bem sucedido dos Estados Unidos e apresenta como indefeso um país como Israel, uma das maiores potências militares do mundo, que oprime os goiyns (os que não são judeus) em seu território e em áreas de sua influência".
Nesse seu último livro, Norman Finkelstein mostra que o extermínio de judeus durante a Segunda Guerra foi transformado em "uma representação ideológica que defende interesses de classe e sustenta certas políticas."
Para as diversas organizações judaicas no mundo, e a para a direita israelense, então no poder, a melhor forma de atrair simpatia era vender a idéia de que a hostilidade palestina poderia levar a uma reedição da "Solução Final".
Israelenses e judeus são hoje a grande força de opressão, perseguindo os palestinos em sua terra natal, e os negros que, em vários momentos foram seus aliados, mas que agora não mais lhes interessam.
Segundo palavras do professor francês Jacques Rancière a intenção do autor é mostrar que "... o Holocausto se transforma assim, numa cobertura para Israel perpetuar a espoliação dos palestinos, enquanto os Estados Unidos podem esquecer os massacres e as injustiças que marcaram a sua história."
Suas constantes condenações ao incondicional apoio militar, financeiro e diplomático que os Estados Unidos dão aos governos israelenses já fizeram muita gente perder a paciência. Em meio a discussões desencontradas e muitas vezes manipuladas sobre a questão na Palestina, ter acesso a críticas de autores judeus é, sem dúvida, muito interessante.
Polêmicas à parte, os dois livros são ótimos, e os argumentos, embasados.
obs: O "rumo a uma nova guerra fria" do Chomsky está sendo vendido na banca de jornal em frente ao Conj.Nacional, na Paulista, por R$14,90, novo, lacrado! Recomendo.
A admirada e, até então, estável economia norte-americana sofrera recentemente uma grave crise que prejudicou o bem estar de sua população e questionou suas políticas públicas. Nas últimas décadas, o governo e a população dos Estados Unidos, vêm sendo alvo de denúncias de estudos e análises sobre a fragilidade de seu sistema e a manipulação e crimes cometidos pelos órgãos estatais e o próprio governo contra a população e os direitos humanos e em favor da indústria, de órgãos privados, da economia de mercado, do desenvolvimento maciço da economia do Estado e etc.. A educação dos Estados Unidos, por exemplo, é freqüentemente criticada, pois os norte-americanos, apesar de serem o principal centro de pesquisas e desenvolvimento, sofrem com uma precariedade do ensino e são, muitas vezes, alienados frente aos principais acontecimentos nacionais e mundiais e são tidos como ignorantes em relação às ciências consideradas essenciais no nível da educação.
O americano Michael Moore que é um dos principais críticos da política, economia e cultura norte-americana, produziu e escreveu uma série de filmes e documentários que trazem à tona realidades obscuras de seu país e que são freqüentemente “mascaradas” pelo Estado e órgãos de interesse. Em um de seus polêmicos documentários, Michael analisa o sistema de saúde dos Estados Unidos que, diferentemente do Brasil, Cuba e Canadá, por exemplo, não possui um sistema universal.
Os dados apresentados no longa-metragem assustaram a população mundial, principalmente àqueles que desfrutam de um apoio governamental, mesmo que deficiente, e é assistido, ao menos legislativamente, em suas necessidades básicas. O sistema de saúde dos Estados Unidos é unicamente privado, entretanto, por volta de 50 milhões de norte-americanos não possui plano de saúde e os outros 250 que têm condições de pagar um, desfrutam de um serviço extremamente precário e deficitário. Infelizmente, devido ao descaso governamental e das empresas privadas, cerca de 18 mil pessoas vão morrer por ano por que não possuem plano de saúde e nem uma assistência pública.
Infelizmente, a indústria farmacêutica, as empresas privadas de planos de saúde, dentre outros beneficiários do atual sistema de saúde, estão diretamente ligados ao Congresso, ao governo e às políticas públicas que são implementadas ou deveriam ser. Hilary Clinton, quando ainda era primeira dama, tentou universalizar o sistema americano, porém não teve êxito. Os órgãos privados de interesse investiram mais de $140 milhões para a promoção dos planos de saúde e no marketing negativo da proposta da Hilary. Aproveitando do medo que os norte-americanos têm do socialismo e tudo que o envolve, o projeto de sistema universal de saúde foi associado ao mesmo. Assim, a população rejeitou a mudança, o que deu margem para políticos corruptos não apoiarem a proposta no Congresso e, juntamente com as instituições privadas de interesse, se beneficiarem em detrimento da população.
Infelizmente, aparentemente, é vantajosa uma população pobre, doente e com baixa auto-estima, pois, além de mais facilmente manipulável, favorece a indústria e o mercado que, hoje, dominam a política dos Estados, inclusive as políticas sociais. Atualmente, essas políticas representam possibilidades de grandes negócios, fato que contraria o sentido do serviço governamental que teoricamente significa uma política não-capitalista de suporte à população a fim de suprir suas necessidades básicas segundo os direitos humanos e a legislação internacional sobre o bem estar social.
Entretanto, ao menos no caso do sistema de saúde, é possível unir uma política social justa e vantajosa para o governo. Financeiramente, a longo prazo, é financeiramente favorável, pois o custo do trato de doenças é muito maior do que os investimentos em uma boa profilaxia, como Michael Moore exemplifica através dos sistemas de saúde francês, canadense, cubano e inglês. Além do mais, uma população saudável, feliz e satisfeita, apesar de aparentemente dificultarem os planos governamentais, une a nação e apóia o governo.
É natural que a população exija mais serviços públicos de direito, como os Correios, polícia, bombeiros e etc.. E é natural que muitos dos serviços privados da atualidade se tornem públicos, principalmente por que muitos países já são exemplos e cada vez mais desenvolvem seus serviços públicos. É uma luta pelo acesso à riqueza social e à justa distribuição dos impostos. Porém, é provável que o primeiro passo para um sistema eficiente e assistente é desvincular o governo das indústria, das empresas, das grandes corporações e dos órgãos privados que se beneficiam da política causando prejuízo a população.
Uirá Rocha
Homosexualismo no U.S. army
No discurso de Barack Obama visto acima, ele demonstra seu desejo de banir a política do “Don´t ask, don´t tell” que proíbe membros do exército americano a se assumam homossexuais. Sendo ele um exímio orador, ao agradecer aqueles que o criticam afirmando que o progresso não esta vindo rápido o suficiente Obama esta ,na verdade levando seus críticos a o apoiar no banimento da política do ”Don´t ask don´t tell” já que ele consegue linkar progresso ao banimento dessa lei. Essa política vem sendo muito debatida por todo o país por ser muito delicada. Inúmeros ex-militares que foram expulsos por se assumirem gays fazem campanha pelo fim dessa política e inclusive tem aparecido em programas de TV para falar sobre o assunto como é o caso da soldada condecorada Stacy Vasques, que foi mandada embora do exército após ser vista beijando outra garota em um bar homossexual. Enquanto Obama e grande parte da população luta pelo fim da política, dentro do exército ainda há uma certa resistência, principalmente entre os fuzileiros onde, segundo uma nova pesquisa feita nesse sentido, a rejeição ao banimento da lei seria de 60%. Segundo o general aposentado Herb Temple isso acontece porque grande parte dos fuzileiros não é de Palm Spring ou Los Angeles, ou de qualquer área onde as pessoas se misturem com gays. Porém a pesquisa demonstrou também que, apesar da rejeição entre os fuzileiros, há um risco muito pequeno em permitir que gays sirvam abertamente, e os problemas seriam apenas no curto prazo e pontuais, segundo a mesma pesquisa, 2/3 dos membros do exército entrevistados simplesmente não se importariam em servir ao lado de homossexuais assumidos.
Segundo o secretário de defesa americano Robert Gates o banimento da lei Don´t ask, Don´t tell “Pode ser feito e deve ser feito” sem prejudicar a prontidão dos tropas e ele também defende que a rejeição a homossexuais por parte do exército se da por que parte das tropas não esta familiarizada com a convivência com homossexuais mas sim com esteriótipos pejorativos aos homossexuais. Apesar da pesquisa e da vontade política de Barack Obama em banir a lei Don´t ask don´t tell os membros republicanos do congresso continuam sendo um entrave ao banimento dessa lei preconceituosa que faz com que membros homosexuais do exercito vivam em constante temor de denuncias e muitas vezes são impedidos de defender seu país simplesmente por sua opção sexual. O debate é digno de uma país em mudança onde o homossexualismo é comum nas grandes cidades, mas ainda visto com estranheza em grande parte do país.
Uirá Rocha
5 de dezembro de 2010
Cablegate. Open Government e Internet x Liberdade - Parte III
Para explicar: o Open Government é uma doutrina de governo que prega a total abertura, em todos os níveis, da administração do Estado para escrutínio público e fiscalização. Está 'na moda' nos Estados Unidos devido à grande ênfase da campanha de Obama no tópico transparência, à grande discussão na mídia, e também com o rumo que algumas administrações vem tomando neste sentido - como San Francisco e Nova York.
Altamente aliada à discussão do Gov 2.0, a questão do Open Government envolve necessariamente a Internet, que, por sua velocidade e alcance, se mostra como o único meio de um controle amplo, real e atualizado por parte de quem tiver interesse.
Entretanto, foi exatamente na Internet que, com o caso cablegate na WikiLeaks ao longo da última semana, foi deflagrada a distância que estamos disto acontecer - mostrando que pode não passar de um simples idealismo -, e quais os prós e contras envolvidos neste projeto.
De um modo geral, a discussão sobre o vazamento se dividiu entre quem a criticou ferozmente, baseando-se na razão de Estado e na segurança nacional para caracterizar a divulgação como afronta e risco aos interesses norte-americanos, e quem entende que não divulgar, mesmo já tendo obtido todos os dados, seria uma falta enorme com o compromisso jornalístico e uma omissão com os ideais de maior abertura do governo, etc.
Da parte dos críticos, a Casa Branca, em sua carta aberta, defende que a publicação de documentos secretos gera os seguintes riscos:
* Place at risk the lives of countless innocent individuals -- from journalists to human rights activists and bloggers to soldiers to individuals providing information to further peace and security;
* Place at risk on-going military operations, including operations to stop terrorists, traffickers in human beings and illicit arms, violent criminal enterprises and other actors that threaten global security; and,
* Place at risk on-going cooperation between countries - partners, allies and common stakeholders -- to confront common challenges from terrorism to pandemic diseases to nuclear proliferation that threaten global stability.
Parece ser a mesma posição das Forças Armadas, cuja visão pode ser expressa pelo "Joint Chiefs of Staff, Almirante Mullen" no vídeo abaixo:
Do outro lado, estão atores como ONGs pró-transparência governamental, defensores do open government e, principalmente, os veículos de mídia que fizeram a veiculação - WikiLeaks, Der Spiegel, The Guardian, The New York Times, Le Monde, El País, etc.
De um modo geral, pode-se dizer que o embate apresentado é o mesmo da discussão do Open Government: até onde a população deve saber? É mais eficiente para a democracia que a grande maioria não sabe o que se passa? Devemos preterir a democracia ou a eficiência?
Enfim, são diversas questões, seguidas de perto por analistas como Alexander Howard no Huffington Post tratadas de modo mais complexo em posts como este que serão altamente presentes nos próximos passos dos governos, das mídias, da Internet e da própria democracia, e que devemos estar atentos para separar quais os reais ganhos nesta evolução.
3 de dezembro de 2010
O Partido Republicano e os homosexuais
No vídeo o gays são chamados de pervertidos e Paladino afirma que não quer que seus filhos acreditem que ser gay é uma opção igualmente válida e próspera como ser heterosexual, porque, segundo ele, não é. Dois dias depois após perceber a repercussão de seus discurso o candidato distribuiu um e-mail afirmando ter feito uma escolha “pobre” de palavras. Quando vi esse video acreditei ser um caso isolado mas após uma breve pesquisa pude perceber a recorrência em outros discursos de outros candidatos republicanos. Certamente o que mais chamou atenção foi dos republicanos do estado de Montana, o partido republicano naquele estado adotou uma plataforma oficial de transformar todos atos homossexuais em ilegais trazendo de volta um artigo que criminalizava a homossexualidade mas que foi derrubado em 1997, quando a suprema corte do país proibiu qualquer lei que discriminasse gays. Devemos apontar também, por último mas não menos importante, a candidata a vice presidente nas ultimas eleições Sarah Palin, talvez a republicana mais conhecida no mundo atualmente, segundo ela deveria haver uma alteração na constituição americana que baniria o casamento gay e assim o casamento deveria ser considerado como uma união entre um homem e uma mulher, excluindo assim qualquer forma de casamento gay. Apesar de o partido não se afirmar abertamente homofóbico, são inúmeros casos que apontam para perseguição ao direito dos homosexuais de se unir e criar famílias. Vale apontar que os republicanos representam uma parcela considerável da população americana que realmente defende o banimento de leis que dão diretos aos homosexuais de se casar ou de se relacionar abertamente com quem quiserem, demonstrando que o problema é na verdade muito maior, uma vez que ainda esta enraizado em grande parte da sociedade americana atual.
Uirá Rocha
2 de dezembro de 2010
Cablegate. Open Government e Internet x Liberdade - Parte II
Há algum tempo, há nos Estados Unidos um movimento de criar legislação e orgão especiais para controle da Internet, com diversas propostas de regulação e participação na rede. Embora tradicionalmente os republicanos estejam mais associados a estas propostas, recentemente vem havendo uma participação mais ativa dos democratas nesta questão.
Em junho deste ano, veiculou-se projeto de lei do republicano Joe Lieberman que "Permitiria ao presidente dos EUA desligar a web". Agora, em Novembro, tramitam duas propostas diferentes: uma lei que o UOL intitulou como"lei para "espionar" usuário da internet", e uma outra - do democrata Patrick Leahy, que seria, para alguns, uma "lei draconiana para censurar a internet no mundo inteiro".
Quem argumenta a favor de maior controle alega que a Internet, pelas suas características de liberdade, anonimato e descentralização é também um ambiente de anarquia e de desinformação - sem falar nas questões de segurança cibernética nacional. Além disso, a perda de privacidade se justificaria pelo ganho em segurança, já que a Internet viria a ser uma outra ferramenta para combater crimes e ameaças.
Se este tipo de visão prevalecer, um ambiente antes visto como "sem regras" poderá, em breve, passar a ser controlado e vigiado - e seus usuário, punidos, - com a utilização recorrente de procedimentos como 'grampos' virtuais e a expansão da inteligência cibernética como arma de espionagem, contrainteligência e contraterrorismo.
Contra estes políticos e a parcela da mídia e população que apóia estas medidas, está um movimento virtual cada vez mais organizado (como a EFF), que baseia seus argumentos nas idéias de que os princípios da primeira emenda devem se aplicar à Internet, no ideal de liberdade e individualimo (já citado aqui neste blog) e na acusação de invasão de privacidade - todos frames bastante sensíveis aos americanos, e bastante interiorizados e naturalizados pela sociedade dos EUA.
Independentemente da sua posição, uma pergunta há de ser feita: "Não são os EUA o lugar da liberdade e do uso da tecnologia?" Parece estranho que a cultura que se apresentava como defensora da liberdade total em oposição à igualdade da URSS, e que produz inúmeros filmes reforçando a positividade de tecnologias com poder destrutivo (vide O Núcleo) se volte contra um produto e/ou símbolo destes ideais tradicionais.
Cabe também registrar que partes dessas leis pretendem dar aos EUA o poder de retirar do ar (através do sistema de domínios e de seu papel central na Internet) não só sites americanos, como também sites teoricamente situados em provedores de outros países - medida vista como essencial nesta luta, já que muitos dos sites como o WikiLeaks ou mesmo o PirateBay, ótimos exemplos dos 'alvos' a serem controlados/censurados/coibidos, escolhem países com legislação mais branda como sede.
O futuro desta discussão e os novos caminhos na Web dependerão do rigor planejado para as próximas leis, da iniciativa popular e virtual para estabelecer os limites de liberdade e privacidade e em parte de uma discussão global sobre o tema, já que em outros países, como aqui, há discussões e leis no mesmo sentido (Lei Azeredo - AI5 Digital).
O importante é sempre ter em mente que a Internet é um meio tão ágil que, até agora, se mostra mais veloz do que as legislações que a tentam controlar, e que novidades como o WikiLeaks constantemente acrescentam novos argumentos, para ambos os lados da moeda.
Leo Henry
Cablegate. Open Government e Internet x Liberdade - Parte I
Segundo o mesmo site, essa divulgação seria "the largest set of confidential documents ever to be released into the public domain", e, independentemente das opiniões sobre a legitimidade e prudência de tal divulgação, é inegável que este está sendo, certamente, um dos fatos mais impactantes para a política externa americana no segundo semestre.
Nesta primeira parte, vou abordar parte dos conteúdos vazados até agora, e em linhas gerais quais são os possíveis prejuízos dos EUA em política externa, e o que isso pode nos dizer sobre a postura dos EUA em relação a outros líderes e países.
Os cables (clique nos links para ver exemplos) trazem importantes revelações sobre os bastidores da Política Externa Americana, deflagrando por exemplo diversas opiniões de líderes internacionais, o entrelaçamento entre a diplomacia e a inteligência, além das preocupações e opiniões americanas sobre o resto do mundo (incluindo o caráter dos líderes) e sobre relações governos-empresas e empresas-empresas.
Para uma maior noção do caráter dos dados que foram publicados, segue um pequeno resumo do que saiu:
> As principais fontes dos cables, ordenadas por número de mensagens enviadas: Secretaria de Estado, Ankara, Bagdá, Tóquio, Amã, Paris, Kuwait, Madrid, Taiwan e Moscou.
> A Embaixada Americana em Brasília é somente a 41ª fonte na lista de envios.
> O país mais discutido foi o Iraque, citado em 15.365 cables
> Os assuntos mais discutidos (segundo categorização própria) foram:
* Política Externa – 145,451
* Assuntos de política interna – 122,896
* Direitos Humanos – 55,211
* Condições Econômicas – 49,044
* Terroristas e Terrorismo – 28,801
* Conselho de Segurança da ONU – 6,532
Apesar da diversidade e amplitude dos dados publicados impossibilitarem tratarmos de todos os artigos e novidades que apareceram, vale a pena citar a lista elaborada por Zachary Roth das dez principais revelações trazidas à tona:
1. Diversas nações do Oriente Médio estão muito mais preocupadas com o programa nuclear iraniano do que demonstraram publicamente.
2. O Embaixador americano em Seul disse que negociações poderiam levar a China a "patrocinar" a idéia de uma Coréia reunificada.
4. O vice-presidente afegão Ahmed Zia Massoud teria levado 52 milhões de dólares em espécie em sua visita para os Emirados Árabes Unidos no ano passado.
5. Os EUA estão numa tentativa de retirar urânio altamente enriquecido de um reator paquestanês desde 2007, por medo de que ocorra a construção indevida de uma arma nuclear ilegal.
6. A Secretária de Estado, Hillary Clinton, pediu a seus pares internacionais que reunissem informações sobre os líderes de seus países e de organizações como a ONU.
7. O Qatar é visto como o Estado menos ativo na luta contra o terrorismo em toda sua região.
8. Os Primeiro-Ministros Putin e Berlusconi mantém uma relação muito mais próxima do que se imaginava.
9. O Hezbollah continua a receber armamentos da Síria.
10. Muitos dos cables mostram opiniões nada diplomáticas e pessoais sobre os líderes internacionais.
Há diversas análises colocando os EUA como arrogantes, "traiçoeros" e até obscuros em sua Política Externa, pelo fato de não medirem esforços e não se basearem em ações éticas (sendo as duas práticas exemplificadas pela espionagem do Secretário Geral da ONU, Ban Ki Moon) para defender seus interesses.
Para finalizar, também vale a pena ver que a repercussão deste escândalo deixou os EUA numa saia-justa com diversos países, e que, embora a desconfiança seja inevitável por algum tempo, os EUA estão correndo para minimizar os danos causados pela divulgação da parte oculta de sua diplomacia.
Não há dúvida do alcance de um escândalo como este, e que a até então respeitada diplomacia americana sofreu um duro golpe.
Se importantes indagações como "qual é a parcela de informações que temos sobre os processos globais?", ou se "sabemos as reais motivações dos atores políticos?" são levantadas, temos ao menos uma certeza: nem sempre os países expõe o modo como praticam o "Pensar Global".
P.S.: Para os interessados, vale a pena dar uma olhada na lista dos "principais insultos a líderes mundiais".
Leo Henry
29 de novembro de 2010
Tv Tropes
Primeiro: o que é um trope? De acordo com o site, são convenções que estão presentes na mente da audiência. O autor pode contar com o fato que os espectadores implicitamente reconhecerão essas convenções. Representam formas de contar histórias (seja na TV, nos filmes ou em livros) que são familiares e facilitam o entendimento.
O post da Christine falou sobre os Sassy Gay Friends, e as Sassy Black Women.
O Magical Negro também está entre os tropes identificados: um termo popularizado pelo Spike Lee, representa um personagem cujo único objetivo é ajudar o herói a superar uma dificuldade. Cumprido o objetivo dentro do desenvolvimento da história, o Magical Negro normalmente morre ou simplesmente desaparece. Na página no Tv Tropes, Morgan Freeman ganha uma subseção especial.
Quando falamos da Ann Coulter, Elizabeth Hasselbeck e até mesmo da Sarah Palin, estamos falando de Blonde Republican Sex Kittens: figuras políticas muito populares hoje em dia como forma de mostrar que os Republicanos não são todos "evil old men". Os exemplos citados incluem a Elle Woods (Reese Witherspoon em Legalmente Loira), Ainsley Hayes (Emily Procter em The West Wing), a personagem de Elizabeth Banks no 30 Rock (que apresenta seu programa com "Welcome to Fox News. I'm blonde"). Outro trope associado ao cabelo loiro é o Hair of Gold, que contrasta com o Blondes are Evil.
É interessante notar que as Girls Next Door vêm sendo substituídas por Manic Pixie Dream Girls em tempo recentes. Enquanto o Homem Aranha tem sua Mary-Jane, os anti-heróis nerds dos anos 2000 precisam de algo diferente: Clementine de Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças, Amelie Poulain e Summer de 500 Dias Com Ela são personagens que injetam um pouco de loucura e diversão às existências tristes dos protagonistas chatinhos (e que normalmente vestem bastante flanela).
Bom, recomendo um passeio pelo Tv Tropes, sua vida vai mudar.
Juliana
28 de novembro de 2010
Não pense em um elefante
25 de novembro de 2010
Gay Ex Machinas
Na televisão, os personagens são retratados frequentemente de uma certa maneira, a fim de torná-los mais reconhecíveis. Por exemplo, o comediante e escritor Brian Safi explica como os gays são retratados na mídia. O vídeo está aqui:
Safi explica que os personagens gays na televisão são mostrados como divertidos, elegantes, e “sassy.” Eles são reduzidos a um estereótipo facilmente reconhecível, “O Gay.” Eles sempre são o melhor amigo, a pessoa que resolve os problemas dos heterossexuais (usualmente uma mulher). Na verdade, há uma série de vídeos no youtube, O Amigo Gay Sassy:
Tem um estereótipo igual para afro-americanos na mídia, O Amigo Afro-americano Sassy. O amigo afro-americano é retratado na mesma maneira como o amigo gay sassy. Como resultado, o personagem negro parece inofensivo. No vídeo abaixo do programma 30 Rock, Liz Lemon tem uma amiga afro-americana e sassy:
Uma outra representação comum de afro-americanos na mídia é o Magic Negro. Agora, ‘negro’ é um termo bem ofensivo para um afro-americano, mas nos anos sessenta e setenta, a palavra era inofensiva e comum. Como falado na aula, o Magic Negro é uma pessoa negra que aperece magicamente e salva os problemas da pessoa branca. Isso é onde esses problemas da mídia começam a ser políticos. O termo Magic negro tem sido aplicado ao Barack Obama porque Obama é negro, mas não é bastante negro. Ao contrário do Snoop Dogg, Obama não faz as pessoas brancas se sentirem desconfortáveis.
Outros politicos americanos têm sido classificados da mesma maneira. Hillary Clinton é a Ballbuster. George Bush é o Cowboy. Dick Cheney é a Pessoa Mal. Sarah Palin é a Rainha de Beleza. Esses rótulos servem ao mesmo propósito como os estereótipos de televisão; eles permitem que o público não precisem pensar. Cada rótulo evoca um frame específico das mentes do público americano, permite que o público saiba tudo e nada sobre um político em poucas palavras.
Por exemplo, há um frame associado com a Rainha da Beleza. Na mente do americano, as rainhas da beleza são bem lindas, mas elas não são inteligentes. Elas precisam de beleza e carisma, não de um cérebro. Embora essa descrição descreva Sarah Palin, em geral a descrição ignora que ela é muito mais do que isso.
É um problema, com certeza.
Christine